No mês escolhido para sensibilizar a população sobre os cuidados com a saúde mental, o chamado Janeiro Branco, o CVV (Centro de Valorização da Vida) reforça a importância da conversa como uma ferramenta para aliviar o peso de angústias e preocupações, mesmo que por telefone. A ONG (Organização Não Governamental) está disponível 24 horas por dia por meio do número 188 ou pelo site www.cvv.org.br, e a maior parte do público atendido é formado por idosos.
Em Roraima, a instituição funciona desde 2016 em parceria com a Assembleia Legislativa de Roraima, por meio da Procuradoria Especial da Mulher. Atualmente, a ONG trabalha com 12 voluntários plantonistas que se revezam no atendimento gratuito para a população que procura por apoio emocional.
Os idosos são os que mais procuram a instituição. “Às vezes eles querem dividir uma felicidade, algo que a gente considera simples, mas para eles, que não tem com quem conversar, é grande coisa. Eles ligam para o CVV e tem uma pessoa ali dando total atenção, apoio. Geralmente ligam todos os dias”, enfatiza a coordenadora, Elizabete Brito.
Em se tratando de idosos, a gerontóloga Joseilda Nascimento explica que a solidão no envelhecimento começa a surgir quando estas pessoas deixam as atribuições cotidianas de lado, como o trabalho ou cuidar dos filhos.
Ela explica que a depressão é um mal-estar psíquico acometido na vida de qualquer pessoa independente de idade, ou seja, a depressão não é um ponto alto do envelhecimento. “Mas ela pode sim ser alojada em decorrência de outras questões vivenciadas pela pessoa idosa”, pontuou. Alguns sintomas podem ser observados por familiares e amigos, como a recusa em ter vida social e ausência ou recusa na inserção familiar, sinais de alerta que apontam para a importância de acompanhamento profissional.
CVV – Sem custos, as ligações para o número 188 podem ser feitas a qualquer momento do dia, sem limites de tempo para conversar e de maneira sigilosa. Para a coordenadora, Elizabete Brito, é importante desabafar, conversar e até mesmo compartilhar algo com alguém. “O CVV é uma porta para dar esse apoio emocional a quem não tem com quem conversar”.
Fundado em 1962 no estado de São Paulo, o Centro de Valorização da Vida atende, por ano, mais de 2 milhões de pessoas gratuitamente, seja por telefone, via chat ou por e-mail. Há pontos para atendimento de ligações em todo o país e as ligações feitas em um Estado podem ser atendidas em outro, sempre em sigilo. Em Roraima, o Centro funciona no prédio da Procuradoria Especial da Mulher, da Assembleia Legislativa, na avenida Ville Roy, 5.717, Centro.
Conversa ajuda, mas não substitui acompanhamento profissional
A interação entre os indivíduos ocorre desde os primórdios da vida. Esse comportamento pode ajudar a afastar doenças como a depressão, cada vez mais presente na sociedade, independentemente do sexo, idade ou classe social. No envelhecimento, o diálogo é o ponto alto para evitar uma vida solitária. No entanto, seja com um bom amigo ou uma conversa pelo CVV, estes suportes são bem-vindos, mas não substituem o trabalho de um profissional.
“Conversar é sempre uma coisa boa. Você interage com as pessoas. Os idosos, principalmente, estarem em meio a jovens, junto com seu grupo de iguais, muitos idosos participam de grupos de convivência e isso é muito importante”, destaca a gerontóloga Joseilda Nascimento.
Mas muitos idosos não têm a chance de estar em contato direto com outras pessoas, o que pode justificar a grande procura por serviços como o do CVV. Para Joseilda, ferramentas como o CVV (Centro de Valorização da Vida), associados à ajuda profissional de um psicólogo, por exemplo, contribuem para saúde mental destas pessoas. “Seja se for através do CVV, que é uma ferramenta maravilhosa e de ajuda, seja pela psicologia, através da terapia de família ou individual, o importante é observar o comportamento do idoso e acompanhar o processo de envelhecimento”, disse.