Política

Atos de hoje: convocação é mais 'sofisticada' que em março

Os grupos responsáveis pela organização dos atos mudaram a forma de atuar, principalmente nas redes sociais

Neste domingo (12), vários brasileiros planejam ir às ruas mais uma vez – assim como foi feito no último dia 15 – com a intenção de protestar contra o governo de Dilma Rousseff e contra a corrupção no País. No entanto, ao contrário do que aconteceu nas vésperas do dia 15 de março, a convocação para os protestos de hoje é feita de uma maneira mais “profissional” e menos “impulsiva”.

É evidente que os grupos responsáveis pela organização dos atos mudaram a forma de atuar, principalmente nas redes sociais. O que antes era divulgado por meio do famoso “boca a boca” no Facebook, correntes pelo Whatsapp e hashtags especiais no Twitter, hoje se transformou em pauta de Fanpages que possuem uma espécie de direção de arte, logomarcas específicas, um conhecimento técnico de marketing – publicando posts em horários de maior audiência – e parceiros ou sedes em diferentes Estados da federação.

O que parece ter nascido como uma discussão popular e uma indignação generalizada, mediada pelas redes sociais nas semanas anteriores ao dia 15 de março, se transformou em uma organização quase empresarial. Isso pode ser bom para criar um foco para os atos e para organizar as manifestações, mas pode prejudicar na popularização do movimento em si.

O Vem Pra Rua Brasil, o grupo Revoltados Online e o Movimento Brasil Livre (MBL) são os principais envolvidos na divulgação das manifestações. Há ainda um grupo no Whatsapp criado pelo Vem Pra Rua Brasil. Páginas menos populares como O Brasil Acordou também têm atuado no Facebook com a divulgação de imagens que contam com o pedido “curta a nossa página”.

A maior diferença entre as vésperas do dia 15 de março e as últimas semanas, que antecedem o próximo chamado “grande ato”, é o fato de que as pessoas físicas passaram a ser consumidores dos discursos de tais grupos, ao invés de construidores e “compartilhadores” de seus próprios discursos.

Assim, cresce a impressão de que os grupos dialogam com pessoas e que as pessoas deixaram de dialogar entre elas – com a mesma intensidade que acontecia nas vésperas do dia 15 de março. Como consequência, os discursos estão menos agressivos nas redes sociais, mas, ao mesmo tempo, há menos vozes e menos variedade de argumentos para protestar.

Até mesmo a quantidade e a classe dos artistas envolvidos na divulgação do protesto mudou. Embora várias celebridades tenham mandado vídeos de apoio ao dia 12, alguns artistas globais e populares se calaram dessa vez, mesmo tendo apoiado as manifestações do dia 15.

Os políticos da oposição também estão mais calados frente aos protestos . Em março, muitos clamaram pela presença do povo nas ruas. Nestas últimas semanas, poucos se manifestaram.

Fonte: Portal Terra