AYAN ARIEL
Editoria de Cidades
Avaliada em cerca de R$ 3,2 milhões, a reforma da Feira do Passarão, localizada no bairro Caimbé, ainda não foi entregue pelo Governo de Roraima. A placa que contém as informações sobre a obra possui o valor do serviço, o número do contrato, que é o no 088/2017, o período de construção e a empresa responsável pelos trabalhos, porém não há informações acerca do início e do término da reforma.
Por conta dessa interrupção, o movimento decaiu desde que os feirantes do local foram transferidos para uma rua na lateral do prédio. A estrutura atual foi levantada de maneira improvisada em um espaço pouco ideal para o desenvolvimento das vendas, que caíram consideravelmente.
“Eu acho que esse atraso é muito ruim, porque a gente não consegue vender nada aqui. Como a gente vai viver sem vender? Eu gostaria que eles fizessem essa reforma, pois as vendas caíram muito. A gente não sabe mais para quem recorrer”, lamentou a feirante Maria Auxiliadora, de 71 anos, que está a 21 anos trabalhando na Feira do Passarão.
Um autônomo de 50 anos, que preferiu não ser identificado, trabalha desde 2011 na feira. Ele reforçou o baixo movimento no novo local e disse que o espaço não está adequado para o trabalho. “Em termos gerais, não está bom, pois foi uma promessa que fizeram para nós em um determinado momento, e isso não aconteceu”, relatou o homem.
Ainda de acordo com o autônomo, o deslocamento do cliente foi prejudicado por conta do novo espaço, o que é mais um fator que contribui para o baixo movimento. Por fim, ele pediu que as autoridades locais, em especial o governador Antonio Denarium (sem partido) dessem uma atenção mais especial aos comerciantes no local.
“Queria, principalmente, que o governador nos ajudasse com isso, pois confiamos nele e queremos mudança, só que até o momento ela ainda não veio”, frisou.
Dona de um restaurante na feira, Luzia Lins, de 47 anos, que está no local há quatro anos, observou que muitas pessoas pensam que não existe ninguém trabalhando lá ou têm medo inclusive de chegar ao local.
“Eles falaram que iam terminar essa obra ainda esse ano, mas eu não sei, porque parou desde o ano passado e não funcionou mais. Eu realmente estou sem saber de nada”, concluiu.
Reforma deve ser retomada no segundo semestre, diz Seapa
Representante da Seapa, Alcemir de Oliveira explica motivos pelos quais as obras haviam sido paralisadas (Foto: Diane Sampaio/Folha BV)
Segundo nota enviada a nossa equipe pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), um novo projeto para a reforma da Feira do Garimpeiro está sendo elaborado pela Secretaria de Infraestrutura e Obras (Seinf) e deve ser retomado ainda em 2020, após elaboração de novo cronograma de trabalho.
Os recursos, orçados em R$ 2,8 milhões, foram assegurados por meio de emenda parlamentar do deputado federal Hiran Gonçalves (Progressistas) e foi transferido para o executivo estadual. O repasse foi assinado pelo governador Antonio Denarium.
“Se tudo der certo nesse primeiro semestre, a gente irá lançar não só o projeto executivo, mas também o edital de contratação da nova empresa. Com isso, abriríamos margem para o início da reforma no segundo semestre”, declarou Alcemir de Oliveira, diretor do Departamento de Abastecimento e Comercialização (Deac) da pasta.
Ele esclareceu que as obras, que iniciaram em dezembro de 2017 e deveriam ser concluídas em outubro de 2018, foram paralisadas dois meses antes por falta de recursos do Estado.
“Com a intervenção federal, todos os projetos haviam sido paralisados e levados para análise do governo. Só que, desde esse período de intervenção até o fim do ano passado, a secretaria buscou recursos de convênio. E hoje estamos abrindo esse processo para fazer esse novo investimento para a conclusão das obras”, salientou Oliveira.
A atual gestão havia averiguado, durante a época de análise, várias irregularidades no projeto original e decidiu pelo cancelamento desse planejamento, de acordo com a nota enviada pela Seapa.
EMPRESA – A nossa equipe também tentou procurar a empresa que estava responsável pela obra, para falar acerca da paralisação dos trabalhos, porém não conseguimos falar por telefone. Ao irmos ao local onde deveria funcionar a empresa, no bairro Liberdade, fomos informados que a empresa não funcionava mais no local e o ponto já havia sido vendido para outra pessoa, segundo informações de uma vizinha da casa onde funcionaria o estabelecimento. No momento da visita, não havia ninguém no endereço indicado.