Cotidiano

Falta de chuva prejudica solo de RR

A forte estiagem que atinge o Estado tem prejudicado a produção agrícola; única solução é a irrigação, segundo professor da UFRR

O ano de 2015 foi declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o ano Internacional dos Solos. O objetivo da data é promover uma maior conscientização dos governos e da sociedade para consolidar uma atitude conjunta com relação ao uso e manejo do solo. Em Roraima, estudos desenvolvidos para melhorar a produtividade e a capacidade de produção e armazenamento de água do solo são prioridades de pesquisadores, pois atualmente o Estado sofre com a maior seca dos últimos 17 anos.
O professor do curso de Agronomia da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e doutor em solos, Valdinar Ferreira Melo, informou que a instituição estuda os solos do Estado desde 1993. Ele destacou a variedade nos tipos aqui disponíveis. “Nosso solo é como uma colcha de retalhos. Temos praticamente todos os tipos existentes no Brasil”, explicou.
Apesar da variedade, Melo apontou que o solo roraimense tem baixa fertilidade no ponto de vista agrícola. “Para que eles estejam aptos a receber qualquer tipo de cultura, é necessário o uso de insumos e adubo. Se trabalhados com a tecnologia correta, irão produzir muito bem”, frisou. O engenheiro agrônomo lembrou que em Roraima existem apenas dois tipos de clima: o período seco e o chuvoso. Ele assegurou que um longo tempo sem chuvas, como o que o estado está enfrentando agora, pode prejudicar o solo. “Em 2011 choveu muito. Porém, no ano passado, as chuvas foram reduzidas. Essas mudanças têm consequências no sistema de produção. Em um período longo de seca, o solo perde a disponibilidade de água, aí o produtor deve entrar com a irrigação”, ponderou.
A forte estiagem que atinge o Estado tem prejudicado a produção agrícola. O pesquisador constatou que a única solução é a irrigação. “Nesta situação em que estamos atualmente, não há muitas alternativas, pois a produção de qualquer cultura necessita de água. O solo é uma caixa de água. Se não está recebendo água, as reservas irão reduzir”, alertou.
Conforme o professor, o solo roraimense é propício para culturas de clima tropical como arroz, feijão, milho e mandioca. “O produtor precisa entender qual é a tecnologia adequada para aquela cultura e para aquele tipo de solo. Existem muitas variações, alguns solos são argilosos e outros são arenosos. Cada um deve ter um manejo diferente. O solo que tem plantação de arroz é diferente daquele que tem plantação de milho ou soja”, ressaltou. 
Melo acredita que Roraima poderia produzir mais com o solo disponível. “Temos muita terra sem produção. Com tecnologias adequadas podemos, além de aumentar a produtividade, também aumentar a produção. Precisamos investir em técnicas de manejo”, opinou o professor.
Uma das ferramentas que podem proporcionar uma maior produtividade no solo é o sistema de plantio direto. Esta técnica utiliza menos máquinas para revolver o solo, tornando-o apto para uma rotação de cultura. “Temos que aumentar a matéria orgânica do solo, pois ela ajuda a aumentar a capacidade de ele de armazenar água. Desta maneira, evitamos que ele perca água para a atmosfera, mantendo-o mais úmido”, disse ao destacar que este sistema emite menos gás carbônico, que é prejudicial para a camada de ozônio.
O engenheiro agrônomo destacou a importância dos estudos feitos no solo. “Este trabalho é de fundamental importância para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a agricultura. Antes de iniciar uma plantação, é necessário saber se aquele tipo de solo onde ela será cultivada é apropriado. Então, acredito que o governo deva voltar seus esforços para este setor”, concluiu.(I.S)
2015 é o ano internacional dos Solos
A instituição de 2015 como o Ano Internacional dos Solos é uma tentativa da Organização das Nações Unidas (ONU) de chamar atenção para a riqueza e a fragilidade do recurso, além de mobilizar a população para a importância de preservar e de recuperar os solos devido ao desmatamento ou ao uso agrícola inadequado.
Segundo dados da ONU, os índices de degradação e contaminação do solo são alarmantes: 33% das terras do planeta estão degradadas por razões físicas, químicas ou biológicas. A organização estima que sem o solo, a humanidade ficaria sem ter o que comer e perderia um dos serviços ecossistêmicos vitais que sustentam o bem-estar econômico, social e ambiental. (I.S)