No mês de janeiro deste ano, 3,1 mil imigrantes foram interiorizados e até essa última sexta-feira, dia 14 de fevereiro, já haviam deixado Roraima 1,4 mil pessoas, com destino a outros estados brasileiros.
Essa informação é do coordenador da Operação Acolhida, general Antonio Manoel de Barros, que, explicou estar sendo possível atingir esse número devido as cinco alternativas que estão sendo utilizadas para acelerar esse processo. “Antes, o eixo central era a Força Aérea Brasileira (FAB), quando se interiorizava em torno de 400 imigrantes por mês, mas não podíamos ficar somente com a FAB. Estamos aperfeiçoando o sistema e hoje existem outras modalidades que são a utilização de aviões da FAB, compra de passagens, fretamento de aeronaves, tem ainda um acordo que a Casa Civil fez para que as companhias aéreas não cobrem pelos bilhetes, e a sociedade civil que arca com as despesas. Acredito que ao final deste mês teremos entre 2,5 e 2,6 mil imigrantes interiorizados”, afirmou.
Em razão de que cerca de 530 pessoas passam pela fronteira Brasil com a Venezuela todos os dias, general Barros explicou que se faz necessário estruturar o processo de interiorização. Do total de quem entra no país, segundo ele a metade diz que quer permanecer no Brasil e mais ou menos 10% são os desassistidos e estão em situação de vulnerabilidade.
“A nossa meta é interiorizar três mil processos por mês, mas deixo bem claro que o encaminhamento de imigrantes para outras localidades não é feito somente com quem está nos abrigos. A Operação Acolhida fez um mapeamento, quando foi possível constatar que existem, atualmente, 11 espaços sendo utilizados por imigrantes. Antes viviam nesses locais algo em torno de 3,3 mil pessoas, mas devido à interiorização esse número de ocupantes reduziu para 2,8 mil”, ressaltou. Entre as ocupações espontâneas, oito são prédios públicos e três são privados.
O comandante da Operação Acolhida informou ainda que o posto de recepção e apoio próximo ao Terminal Rodoviário Internacional de Boa Vista tem capacidade para 1,2 mil imigrantes, diariamente, mas a ocupação está baixa, em torno de 900 pessoas que procuram o ponto para pernoitar. “Esse local dispõe de chuveiros, banheiros, tanques de lavar roupa, espaço para crianças, posto de informações, área de distribuição de alimentos e doações, guarda volume, refeitório. É um local para pernoite protegido”, disse general Barros.
General acredita que venezuelanos sumiram por medo
Sobre a suposta retirada de imigrantes das ruas de Boa Vista e de Pacaraima nos dias em que o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, e o ministro da Justiça, Sérgio Moro, general Barros afirmou que ficou sabendo pelos meios de comunicação.
“Eu fui ver e entender o que estava acontecendo. Mas a primeira coisa é que é ilegal ficar tirando pessoas da rua, confinando essas pessoas é ilegal. Nós da Operação Acolhida trabalhamos somente sob o manto da legalidade. Eu peço, se teve indício nesse sentido, por favor, nos comunique que eu abro um inquérito policial militar pra responsabilizar a pessoa. Talvez o porquê desse sumiço é porque estávamos com uma crise em Pacaraima, com clima de hostilidade. Aí vem o vice presidente e o ministro da Justiça, quando foi falado em boato de deportação. Acho que o pessoal sumiu para não correr o risco. Talvez seja por motivo de segurança e por medo de alguma atitude”, comentou o comandante da Operação Acolhida.