ANA GABRIELA GOMES
Editoria de Cidade
Diabéticos que recebem medicamentos por meio da Coordenadoria Geral de Assistência Farmacêutica (CGAF) denunciaram a falta das insulinas Lantus e Aspart. Os denunciantes relataram que se dirigem a unidade pelo menos três vezes na semana, desde o início de janeiro, mas nenhum servidor sabe informar a previsão de chegada das medicações. Há pessoas que, em um mês, já gastaram R$ 400 comprando as insulinas por conta própria.
É o caso do servidor público Sdaourleos de Souza Leite. Diabético há quase 15 anos, ele é um dos que utiliza a rede estadual para conseguir ambos os tipos de insulina de forma gratuita. Desde o mês passado, no entanto, o servidor passou a comprar os medicamentos por conta própria. “Só a Lantus custa de R$ 85 a R$ 90 nas farmácias, sendo que uso um refil a cada cinco dias com a caneta que eu já possuo”, disse.
Em seu tratamento, Sdaourleos utiliza a insulina Aspart para baixar o índice de glicose, quando está elevado. O efeito é quase imediato, demorando cerca de 15 minutos. Já a lantus é utilizada pela manhã, tendo em vista a duração de 24h. A insulina, inclusive, está contida na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Renama), instituída pelo Ministério da Saúde. Durante pesquisa, a reportagem da Folha não encontrou informações que comprovassem a presença da insulina Aspart na Renama.
O servidor explicou que a medicação sempre foi dada pelo Governo do Estado de duas formas: para durar três meses ou apenas um. E foi ao terminar os três meses de abastecimento que ele soube da falta das insulinas. “Pior do que não ter, é não saber quando vai ter. Conversei com uma senhora que estava saindo da unidade triste depois de vários retornos e ainda sem a insulina que precisa. Eu ainda consigo comprar por enquanto, mas e quem não consegue?”, relatou.
Na sexta-feira, 14, a equipe de reportagem confirmou a falta das insulinas com outros pacientes que saiam da CGAF. Uma mulher de 67 anos, que preferiu não se identificar por medo de sofrer represálias, disse que recebeu ajuda de vizinhos para comprar os remédios do mês passado, mas que ainda não conseguiu comprar os remédios desse mês. “Eu tenho passado mal nos últimos dias e realmente não sei como vai ser até meu remédio chegar. Isso é uma falta de respeito com quem é daqui”, falou.
USO CONTÍNUO – Diante da falta das insulinas Lantus e Aspart na CGAF, o médico César Penna alertou que o uso dos medicamentos deve ser ininterrupto. “As insulinas têm perfis diferentes. Os pacientes que precisam dos dois tipos são pré-selecionados, talvez por não terem se dado bem com outras insulinas e, portanto, precisam do uso contínuo”, pontuou.
Lantus deve chegar em 60 dias e Aspart no mês que vem, diz Governo
Em nota, a Secretaria de Saúde (Sesau) informou que aguarda o recebimento dos medicamentos. Em relação à Lantus, esclareceu que o abastecimento e fornecimento é feito pelo Estado, que já finalizou um processo para aquisição do medicamento. A previsão de chegada é de 60 dias, segundo informou a empresa contratada.
Com relação à Asparte, a Sesau explicou que o medicamento, repassado pelo Ministério da Saúde (MS), já está incluído na programação para reabastecimento de medicamentos, devendo ser entregue à Coordenadoria Geral de Assistência Farmacêutica (CGAF) a partir do dia 20 de março. A nota informou ainda que as entregas de medicamentos para a CGAF seguem os critérios estabelecidos pelo próprio MS, não só para fins de controle interno, como também para facilitar a prestação de contas dos Estados.
ERRATA
Por erro da diagramação, a reportagem “CENTRO DE REFERÊNCIA
Grávida denuncia que unidade está sem médico obstetra”, foi publicada na edição de ontem do jornal impresso Folha de Boa Vista sem a resposta da Sesau, que foi publicada normalmente apenas na Folhaweb. Nossas desculpas.