Cotidiano

Terra Indígena abre as portas para o turismo em Roraima

O convívio com diferentes modos de viver costuma ser uma experiência enriquecedora. Conhecer as tradições da cultura indígena, por exemplo, tem sido uma das opções de brasileiros e estrangeiros na hora de escolher um roteiro turístico com destino a Roraima.

Mais do que a possibilidade de percorrer as belezas naturais intocadas, o turista que visita a Comunidade Raposa, situada na terra indígena Raposa Serra do Sol, município de Normandia, tem a oportunidade de entrar em contato com línguas, narrativas, costumes e comidas, antes restritos às populações originárias.

A comunidade virou pioneira ao oferecer a atividade de visitação turística em Roraima. Oficializada em setembro do ano passado, a iniciativa é fruto de trabalho articulado pelos indígenas em parceria do Detur, Universidade Estadual de Roraima, Universidade Federal de Roraima e Sebrae.

Esse intercâmbio gera ainda outros desdobramentos, como afirma o diretor do (Detur) Departamento de Turismo da Seplan (Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento), Bruno Muniz. “O turismo de base comunitária em terras indígenas fortalece a autonomia dos povos, sendo uma alternativa de geração de renda com mínimos impactos ambientais e com uma distribuição mais justa dos lucros da atividade. Valorizar os diversos atrativos ecológicos e culturais, por outro lado, também contribui para a proteção dos territórios e fortalecimento das tradições”, destaca.

Conforme Enoque Raposo, membro da comunidade e especialista em etnoturismo, desde que a atividade foi regulamentada, a Comunidade já recebeu centenas de turistas dos mais diversos lugares do mundo, como Rio Grande do Sul; Rio de Janeiro; São Paulo; Piauí; Japão, Suíça, França, Estados Unidos entre outros.

A programação para colocar o turista em contato com os costumes locais inclui palestra de acolhimento; oficinas de confecção de panelas de barro, artesanato e culinária típica; confraternização com música e danças; pinturas corporais; arremesso de arco e flecha; trilhas nas serras; acesso às cachoeiras, igarapés e lagos. Tudo é ofertado pelos índios operadores dos serviços. A comunidade também oferece hospedagem e alimentação. As refeições por pessoa custam em média R$ 35,00, já os atrativos chegam a R$ 150,00.

Para ajudar na manutenção dos serviços, conservação dos recursos naturais e limpeza, foi criado um fundo de garantia comunitário dentro da Raposa. Dos valores arrecadados com visitação turística, 15% a 20% é destinado ao fundo.

Para o secretário de Planejamento Marcos Jorge, o etnoturismo em terras indígenas é uma alternativa econômica para as comunidades.

“O turismo é uma opção de desenvolvimento sustentável para os povos indígenas. Antigamente, a agricultura era a única atividade que movimentava a economia na região, mas hoje a visitação turística também ajuda as famílias e beneficia toda a comunidade que aposta na iniciativa. Raposa é a primeira em Roraima e a quarta no Brasil a implantar uma estrutura de turismo, trabalhando na execução de atividades econômicas, atendendo às exigências da instrução normativa da Funai, sobretudo quanto ao atendimento do Plano de Negócios e do Plano de Visitação exigidos, disse.

Para o secretário de Planejamento Marcos Jorge, o etnoturismo em terras indígenas é uma alternativa econômica para as comunidades (Ascom/Seplan)