A falta de profissionais, insumos e equipamentos básicos, além da suspensão de cirurgias e os recentes casos de mortes de mulheres e recém-nascidos no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN) foram relatados pelo deputado estadual Renato Silva (Republicanos) na tribuna da Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR), durante a sessão desta terça-feira, 03.
O parlamentar apresentou um relatório contendo dados sobre o quantitativo de óbitos de bebês e mães ocorridos na Maternidade, além de notícias veiculadas pelo jornal Folha de Boa Vista sobre a situação caótica a qual se encontra a unidade. Conforme o documento com números da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), o número de mortes de bebês na Maternidade foi de 170 em 2019. Nos últimos cinco anos, foram registrados mais de 1,6 mil óbitos fetais e infantis e 38 óbitos de mães.
Pouco mais de duas semanas após a diligência feita por parlamentares membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN), Renato Silva informou que foi novamente até a unidade, na segunda-feira, 03, e constatou que a situação permanece a mesma.
“Estou acompanhando de perto. Retornei sozinho até a maternidade e tudo que vimos continua simplesmente do mesmo jeito. Não tem materiais básicos de limpeza, nem papel toalha para enxugar a mão após esterilizar, foram levar papel higiênico para fazer esse procedimento. Informaram que o atraso de pagamento da empresa seria de apenas um mês, mas fui a fundo, entrei em contato com o representante da empresa que me disse que são vários meses de atraso”, relatou.
Silva também revelou dados que comprovam o aumento na arrecadação e receitas do Estado, ao afirmar que o problema na saúde pública em Roraima não ocorre por falta de orçamento. “O próprio governador [Antonio Denarium] falou na campanha que o problema não era recurso, mas sim falta de gestão. Só temos um hospital geral e uma maternidade para todo o Estado com recurso de quase R$ 1 bilhão, fora as emendas parlamentares. Só em 2018 tivemos uma arrecadação de 1,22 bilhão. Em 2019, na atual gestão, tivemos aumento de 41% na arrecadação, chegando a 1,446 bilhão. Além disso, recebemos em janeiro e fevereiro de 2020, mais de R$ 290 milhões do Fundo de Participação dos Estados [FPE]”, destacou.
O parlamentar denunciou, ainda, a falta de transparência nos processos licitatórios realizados pelo executivo estadual. “Temos uma Pasta da Saúde que não conseguiu concluir uma licitação. Nunca vi na história de uma gestão pública um governo não concluir uma licitação. Quando a empresa não é indicação, eles cancelam o processo. Estamos tendo esse problema agora com um processo referente aos serviços de refrigeração nas unidades, porque a empresa que está de forma indenizatória que eles querem que ganhe, não ganhou a licitação”, disse.
Ao finalizar sua fala, o deputado afirmou não querer apenas mostrar os erros, mas também se colocou à disposição para ajudar a resolver o problema. “O governador e vários colegas deputados falam para mostrarmos o erro, estou mostrando e quero ajudar a resolver o problema. Estou à disposição, sem ranço, sem vaidade, sem lado político, só quero ajudar. A saúde não tem retorno financeiro, o investimento é proteger e o retorno são as vidas salvas”, frisou.