A passagem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por Boa Vista, durante parada técnica em viagem com destino aos Estados Unidos, foi motivo de avaliação dos parlamentares federais de Roraima. Enquanto alguns acreditam que a vinda, mesmo rápida, tenha sido positiva, outros acreditam que a vinda não teve nenhum resultado prático.
Pelo menos esta é a avaliação do coordenador da bancada federal de Roraima, o deputado Hiran Gonçalves (Progressistas). O parlamentar informou que recebeu documento oficial do Cerimonial da Presidência da República para participar da comitiva do presidente, durante a sua passagem por Boa Vista, mas a sua concepção do discurso do presidente, durante o encontro, foi de que as informações repassadas foram muito vagas.
“Acho que foi algo sem muito resultado prático. Se falou da licença de instalação do Linhão de Tucuruí, que o Ministro Bento Albuquerque já havia me falado em uma conversa prévia, que poderia iniciar em abril. Esperamos que saia realmente essa licença de instalação. Aí sim, isso será um marco importante do nosso Estado”, disse Hiran.
Com relação ao projeto de lei nº 191/2020, de autoria do Poder Executivo e que trata da regulamentação de exploração de recursos hídricos e minerais nas terras indígenas, o deputado também avaliou que a fala de Bolsonaro, sobre a importância da proposta, também não obteve o resultado pretendido. O parlamentar afirma que a dificuldade consiste principalmente na falta de importância dada à negociação política para aprovação do PL.
“Esse projeto de lei vai ser discutido na Câmara dos Deputados. E na Câmara o Governo Federal tem que ter uma base muito forte para aprová-lo, o que hoje não existe. Hoje o Governo não tem uma base sólida e organizada para enfrentar algo que vai ter uma repercussão internacional. Nós somos a favor da exploração racional das nossas riquezas, com a devida compensação às comunidades indígenas, como se faz em várias partes do mundo. Mas para que cheguemos ao final, ainda temos um longo percurso a caminhar”, declara.
O senador Mecias de Jesus (Republicanos) afirmou que não considera a vinda de Bolsonaro à Boa Vista como uma visita presidencial ao Estado. Mecias explica que diante de tantas coisas que foram prometidas a Roraima, pelo presidente, criou-se uma expectativa grande da população e que espera que Bolsonaro marque uma data para fazer esses anúncios.
“O que de fato foi bom e proveitoso foi a visita do ministro Secretário-Geral da Presidência da República, que conheceu Boa Vista, ouviu deputados, lideranças políticas, o governador e os senadores. Enfim, o ministro saiu da Capital inteirado dos problemas do Estado. O presidente continua devendo muito para a população de Roraima”.
Por sua vez, o deputado Édio Lopes (Partido Liberal) declarou que tinha uma agenda no interior do Estado e por isso não pôde estar presente. Ainda assim, acredita que a visita do presidente a Boa Vista vinha de uma necessidade técnica, mas foi necessária para expor os pensamentos de Bolsonaro sobre alguns assuntos que afligem o Estado.
“É lógico que o presidente ao parar em Roraima ou em qualquer outro Estado, deve falar de pontos interessantes para a localidade. E foi o caso que ocorreu, pela informação que obtive, mesmo não estando presente. Mas não acho que a parada técnica demonstra um desinteresse com o Estado, acho que não há correlação. É comum nos voos para os Estados Unidos. Quase todos os aviões fazem uma parada de reabastecimento no Estado”, completou Lopes.
A deputada Joênia Wapichana (Rede) preferiu não se pronunciar sobre o caso. A Folha também entrou em contato com os deputados Ottaci (Solidariedade), Haroldo Cathedral (PSD), Shéridan de Oliveira (PSDB) e Jhonatan de Jesus (Republicanos), porém, não obteve resposta até o fechamento da matéria.
Os parlamentares Nicoletti (PSL) e os senadores Telmário Mota (Pros) e Chico Rodrigues (DEM) já haviam se pronunciando sobre o assunto, com o deputado Nicoletti e Rodrigues apresentando uma avaliação positiva da vinda do presidente. O senador Telmário voltou a se pronunciar sobre a vinda de Bolsonaro ao Estado, desta vez, em pronunciamento no plenário do Senado Federal nesta segunda-feira, 09.
Mais uma vez, voltou a criticar o presidente pela sua presença no Estado somente para uma visita técnica e sobre a cobrança que Bolsonaro tem sofrido de parlamentares. “Ele [Bolsonaro] disse que está cansado de receber ‘facadas’. Quem chegar lhe fazendo propostas escusas, bote na cadeia. Agora pedir educação, saúde, saneamento, estrada… é o papel do parlamentar. Se ele, como presidente, não sabia disso, como ele fazia quando era parlamentar? Ele não pedia? Ele tem que estar preparado”, acrescentou o senador. (P.C.)