Cotidiano

Povos indígenas estão vulneráveis, diz líder indígena

Dsei-Leste trabalha com plano de contingência, enquanto a Hutukara recomendou que o povo Yanomami não deixe as comunidade

As secretarias estaduais de Saúde divulgaram, até 12h20 desta terça-feira (24), 1.980 casos confirmados do novo coronavírus (Sars-Cov-2) no Brasil e 34 mortes foram causadas pela enfermidade.

Ainda não existem informações segmentadas sobre os impactos da pandemia nas populações indígenas, que totalizam 817,9 mil pessoas e 305 etnias, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Maurício Yekuana é líder do povo indígena Yekuana, comunidade isolada em Roraima, e afirma ter uma “preocupação muito grande” com o coronavírus já que, apesar do isolamento, parentes de seu povo indígena podem trazer a enfermidade das cidades para as aldeias.

“As populações indígenas hoje são povos desassistidos. Por exemplo, se a pessoa for infectada e for um caso grave, pelos povos indígenas terem baixa imunidade, é difícil removê-lo para a cidade para o tratamento, muito difícil porque os acessos são difíceis”, diz Maurício.

A equipe da Folha entrou em contato com o Distrito Sanitário Especial Indígena Leste (Dsei-Leste) e a Hutukara Associação Yanomami para saber quais medidas estão sendo tomadas junto aos povos indígenas no combate ao Coronavirus (Covid-19).

Em resposta a esse questionamento, o Dsei-Leste explicou que desde o dia 30 de janeiro, trabalha com um plano de contingenciamento, que já está em execução. O plano inclui protocolo de atendimento, kits emergenciais, cartazes e folders informativos sobre educação em saúde. 

As ações estão sendo executadas em diálogo com os municípios e nas comunidades indígenas, que estão recebendo palestras sobre educação em saúde e orientação aos cuidados básicos diante da pandemia.

“Em caso de sintomas suspeitos será feito o acompanhamento até o diagnóstico”

YANOMAMIS – Já a Hutukara se manifestou em relação ao combate ao Covid-19, recomendando que os indígenas evitem não só sair de suas comunidades, mas também circular nas cidades.

A associação também exige que o Ministério da Saúde, Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Fundação Nacional do Índio trabalhem para que a pandemia não chegue aos povos originários.

POPULAÇÃO – No Brasil, a Sesai atende uma população de 760.350 indígenas através de 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei). Na Amazônia Legal, são 25 Dsei’s que dão assistência para uma população de 433.363 pessoas. Até o momento não há registro de casos suspeitos de coronavírus na população indígenas brasileiras.