Cotidiano

Sindicato relata falta de EPIs em área indígena

De acordo com o Siemesp-RR, não estão sendo disponibilizados materiais como, luvas, gorros, aventais descartáveis, máscaras, entre outros

O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Privado de Serviço de Saúde do Estado de Roraima, (Siemesp-RR) procurou a FolhaBV para denunciar que os funcionários do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Leste, não estão recebendo Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para desenvolverem os seus trabalhos em área indígena.

De acordo com a presidente do Siemesp-RR Joana Gouveia, não estão sendo disponibilizados materiais como, luvas, gorros, aventais descartáveis, máscaras, entre outros. 

“Diante da pandemia do Covid-19, e sabendo da real situação que enfrentamos hoje, que em poucos dias os casos positivos em nosso estado quadruplicaram, é necessário tomar certas precauções, para o vírus não se propagar tanto, porém o DSEI Leste que é o responsável por mandar profissionais da área de saúde para prestar serviços em área indígena não está disponibilizando EPIs aos profissionais”, informou

De acordo com o Sindicato, o coordenador do DSEI já foi procurado pela categoria para obter esclarecimentos.

“Estamos denunciando esta situação, pois no dia 23 de março conversamos com o coordenador sobre a falta dos EPIS e sobre as orientações, e ele não deu muita importância para a nossa presença, e disse que já havia feito a licitação para comprar os materiais, porém não deu nenhuma resposta concreta para nós”, disse.

O Sindicato também relata a presença de outros problemas enfrentados pelos profissionais que atuam em áreas indígenas.

“Muitos funcionários em área indígena encontram-se em situações desumanas de permanência. Recebemos várias denúncias dos trabalhadores devido às condições de trabalho, falta de remédio, falta de estrutura e a maioria dos alojamentos está em situação precária, com infestação de animas peçonhentos e de insetos, ficando inviável a permanência da equipe por 30 dias”, contou. 

“Relatamos ainda que existe uma equipe vindoura de Manaus, onde já houve morte por conta do coronavírus, para ingressar em área indígena juntamente com a equipe que já se encontra na cidade de Boa Vista, eles viajarão no mesmo carro sem qualquer proteção. Levando-se em consideração, a saúde dos indígenas, pois não se sabe se estes funcionários estão com o vírus, mas não demonstraram nenhum sintoma. Se o vírus chegar as áreas indígenas, isto será um verdadeiro genocídio aos povos indígenas. Hoje a nossa preocupação não é só com os trabalhadores e sim também com os indígenas”, acrescentou.

Dsei explica que demanda por EPIs aumentou e que está adquirindo novos materiais

O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Leste, esclareceu por meio de nota que sempre esteve aberto ao diálogo com as representações e lideranças indígenas, prezando pelo entendimento, ouvindo reivindicações e buscando soluções para melhorar a gestão e o atendimento básico de saúde aos povos indígenas. “A prática de atendimento é adequada a realidade de trabalho nas áreas indígenas e tem aprovação do Conselho Distrital de Saúde Indígena (CONDISI)”.

O Distrito informou ainda que é feito um planejamento com base na demanda de trabalho e atuação dos profissionais em área, e tem sido amplamente discutido com as lideranças e conselheiros indígenas de saúde. “Em virtude da pandemia temos um aumento em nossa demanda, a quantidade de EPIs ultrapassou o planejamento, porém, estamos providenciando a compra de mais equipamentos para que a situação seja solucionada o mais breve possível”.

Sobre medicamentos, o DSEI Leste informou que com o aumento da demanda devido a pandemia está sendo providenciada a compra para suprir o estoque o quanto antes. O DSEI finalizou a nota solicitando a compreensão das comunidades e trabalhadores quanto aos procedimentos que estão sendo realizados, e ressaltou que o que está sendo feito é para garantir a segurança, a saúde e os direitos da população indígena.

O Distrito atende um total de 51.174 indígenas de 11 regiões que compõem o estado de Roraima, são elas: Ingarikó, Serras, Surumu, Baixo Cotingo, Raposa, São Marcos, Amajari, Murupu, Tabaio, Serra da Lua, Wai Wai. Dentro dessas regiões estão localizadas 343 comunidades indígenas, dos 11 municípios do estado que são: Uiramutã, Pacaraima, Normandia, Amajari, Boa Vista, Alto Alegre Cantá, Bonfim, Caroebe, São Luiz do Anauá e São João da Baliza.