Diversos alimentos que fazem parte da alimentação dos seres humanos não devem fazer parte da dieta dos cães, dentre eles estão o café, a cebola, o alho e o chocolate, sendo este último o responsável pela maior parte das intoxicações alimentares em cães.
Compondo o chocolate estão carboidratos, aminas biogênicas, neuropeptídeos e metilxantinas (cafeína e a teobromina), com o problema residindo exatamente nessas últimas.
A teobromina, que é encontrada no chocolate em quantidade bem superior a cafeína, é a mais perigosa para os cães, sendo que a quantidade dessa substância aumenta de acordo com o teor lipídico do chocolate, sendo maior em chocolates amargos. Contudo, a cafeína, embora seja encontrada de 3 a 4 vezes em menor quantidade no chocolate do que teobromina, também contribui para o quadro de intoxicação.
As metilxantinas atravessam com facilidade as barreiras hemotoencefálica e placentária, sendo absorvida rapidamente pelo trato gastrointestinal. Após cair na corrente sanguínea, estas substâncias alcançam diversas partes do organismo.
As manifestações clínicas podem surgir concomitantemente ou de forma isolada, tipicamente dentro de 6 a 12 horas após a ingestão de chocolate, podendo persistir por até 3 dias, e inclui diarreia, vômito, polidipsia, poliúria, excitação, tremores, taquicardia, febre, respiração acelerada, convulsão e coma. Em alguns casos, também pode ocorrer hemorragia intestinal, dentro de 12 a 24 horas após a ingestão de chocolate.
Não há um tratamento específico para a intoxicação por chocolate, sendo feito somente tratamento suporte. O correto é levar o animal o mais rápido possível ao veterinário para que o mesmo tome as medidas adequadas. Quando a ingestão for recente (até 3 horas) deve ser feita a indução do vômito. Já quando o chocolate, por ser composta de lipídios, pode aderir-se à mucosa gástrica, devendo-se então fazer uma lavagem estomacal. A fluidoterapia deve ser realizada, visando fazer uma correção dos eletrólitos, bem como a reidratação do animal.