“Quando você escolhe ser mãe, já tem em mente que é uma responsabilidade de 24 horas, na quarentena claro isso não muda, o trabalho triplica e o dia precisa ter 72 horas” explica a professora Gabrielle Abreu Ioris.
Mãe do Miguel de três anos, a professora diz que as responsabilidade com as crianças pequenas são maiores para as mulheres.
“Mãe de criança pequena sabe que é um desafio, pois a criança vê a mãe em casa e quer atenção, tenho que ajudar mais ainda meus alunos por conta da educação remota e ajudar meu filho nas suas atividades escolares remotas” diz.
A servidora pública Federal Zandla Lima diz que precisa acordar antes do filho Angêlo de 2 anos e 9 meses para fazer as atividades domésticas.
“Se eu quiser fazer o que eu preciso no dia, eu preciso acordar bem antes do Ângelo pra passar pelo menos uma vassoura na casa, lavar as louças, preparar o café da manhã… Aí começo a trabalhar em home office. Quando ele acordar tenho que fazer a mamadeira, trocar fralda, dar banho, escovar dentes, preparar alguma atividade pra entreter ele e volto a trabalhar” explica a rotina.
Uma pesquisa realizada pelo IBGE mostrou que essa é a realidade de muitas mulheres roraimenses mesmo antes da pandemia do coronavírus.
Em 2019, 337 mil roraimenses com 14 anos ou mais de idade realizaram afazeres domésticos, o equivalente a 82,1% desta população. O percentual de mulheres que realizam esses afazeres (89,6%) ainda é bem mais alto que o dos homens (74,6%). Em 2018, esses percentuais eram 83,9% (total), sendo 89,8% (mulheres) e 77,8% (homens), com variação de 3.2 pontos percentuais na taxa masculina.
A realização de afazeres domésticos ainda é mais alta entre homens roraimenses com curso superior completo (82,4%) e menor entre aqueles sem instrução ou com o ensino fundamental incompleto (69,1%).
No ano passado, a população roraimense com 14 anos ou mais de idade dedicava, em média, 15,3 horas semanais aos afazeres domésticos ou aos cuidados de pessoas, sendo 18,7 horas semanais para as mulheres e de 11,2 horas para os homens. Se comparado com as médias nacionais, as mulheres em Roraima dedicavam 2,7 horas a menos por semana aos afazeres domésticos, enquanto que a dos homens se manteve similar à média nacional.
O Nordeste apresentou a maior diferença entre as taxas de realização de afazeres domésticos por sexo (21 pontos percentuais a mais para as mulheres). Já o Sul obteve a menor diferença (9,6 p.p. a mais para elas).
As taxas de realização de afazeres domésticos em Roraima pelas mulheres brancas (89,1%), pretas (91,0%) ou pardas (89,3%) é sempre mais alta que a dos homens dos mesmos grupos de cor ou raça (79%, 75,9% e 74,1%, respectivamente).
Entre as sete atividades que integram os afazeres domésticos, a única em que a taxa de realização masculina supera a feminina é a de Pequenos reparos no domicílio: 52,1% para homens e 30,7% para mulheres.