Demora em resultado de exames aumenta mortes em investigação

Além dos números de infectados pelo novo Coronavírus, uma lista que tem avançado em Roraima é a de óbitos em investigação. Na última atualização de casos, nesta segunda-feira (22), o boletim epidemiológico registra 114 mortes suspeitas e 250 óbitos por Covid-19 confirmados.

Na capital, de acordo com dados da Prefeitura de Boa Vista atualizados até o fim da tarde de ontem, 77 óbitos ainda estão em investigação e 199 mortes por complicações com a Covid-19 como a principal causa mortis foram confirmadas.

A PMBV, em contato com a reportagem, explicou que são considerados óbitos suspeitos ou em investigação, aqueles casos onde na Declaração de Óbito foi citada alguma causa que relacione ao Covid-19 ou que o falecido tenha notificação e/ou coleta de exames que não tiveram o resultado liberado até a ocorrência do óbito.

“O processo de investigação contempla todo o processo de assistência ofertada ao falecido durante a doença, a investigação domiciliar para poder identificar hábitos e costumes do falecido, existência de doenças prévias e até o histórico de evolução da doença antes do atendimento de saúde”, explicou a Diretora do Departamento de Vigilância Epidemiológica, Roberta Calindrini.

Ainda de acordo com Roberta, a equipe procura entre os parentes ou cuidadores dos casos de óbito, alguém que tenha apresentado sinais gripais nos últimos 14 dias ou que esteja apresentando esses sinais para realização de exames de diagnóstico para Covid-19.

“Após a conclusão da investigação domiciliar e a investigação da assistência recebida pelo falecido (parte hospitalar e ambulatorial) é feita a análise e finalização do caso, classificando-o como confirmado ou destacado”, acrescentou.

Médico afirma que alguns fatores contribuem para o aumento de mortes em investigação

O médico infectologista Domingos Sávio Matos Dantas explica que em partes, o aumento no número de óbitos suspeitos se deve a demora na entrega do resultado dos exames ou a falta de materiais, como o teste rápido ou o swab, a coleta que introduz na garganta ou nariz uma haste semelhante a um cotonete.

“Mortes em investigação são aqueles pacientes que já estavam internados, que evoluíram pra óbito, tinham síndrome respiratória aguda grave [SRAG] e até coletaram os exames, mas não ficaram prontos a tempo. Ou, pacientes que já chegam a óbito ou faleceram em domicilio, que tinha os sintomas, tinham a SRAG, mas não o diagnóstico. Então eles ficam em investigação até que os exames saiam”, disse, ressaltando a possibilidade da realização da coleta após o óbito.

“Nessa época de pandemia com muitos óbitos e muitos casos, acaba que as equipes estão sobrecarregadas, então tudo isso leva ao acúmulo desses óbitos em investigação”, acrescenta.

“No caso específico da Covid-19 a equipe de investigação elaborou uma ficha de investigação própria para obter todas as informações necessárias que possam identificar sinais e sintomas de síndrome gripal e outros fatores que possam ter influenciado no óbito. Também é realizada a investigação sorológica entre os contatos domiciliares dos casos de óbito que não apresentaram exames diagnósticos para Covid-19, para poder fazer o vínculo epidemiológico com Covid-19”, pontuou.

SESAU – A Sesau (Secretaria de Saúde), por meio da CGVS (Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde), informou que conforme definição estabelecida pela Portaria no 116/MS de 11 de fevereiro de 2009, a qual o Ministério da Saúde normatiza os fluxos de expedição e definição de causa básica de óbito em todo o território nacional é de competência dos municípios as investigações para confirmação da causa básica de óbito.

Esclareceu que essa definição de causa básica pode ser alterada conforme resultado da investigação realizada pela Vigilância Epidemiológica dos Municípios de ocorrência do óbito.

“Não compete ao Estado qualquer inclusão, alteração ou exclusão de registros de óbito no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Desta forma os registros de óbitos por COVID-19, seguem o mesmo protocolo, portanto a vigilância estadual apenas divulga os casos registrado no Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM”, diz um trecho da nota da Sesau.

Segundo a secretaria, conforme o Boletim Epidemiológico, atualizado nessa segunda-feira, 22, o Estado de Roraima possui 250 óbitos confirmados para COVID-19 e 114 em investigação.

Todas as informações pode ser acompanhadas no site da Sesau, www.saude.rr.gov.br, na plataforma roraimacontraocorona.rr.gov.br e ainda no Portal da Transparência: www.transparencia.rr.gov.br