Com o crescimento de 95,2% no percentual de casos confirmados de coronavírus em Roraima nas últimas duas semanas, o Estado aparece como pior combate ao coronavírus entre as 27 unidades da federação. A análise é conforme o Ranking Covid-19 dos Estados, elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP).
O estudo leva em consideração a proporção de casos confirmados, a evolução dos casos (em escala logarítmica) e a taxa de mortalidade de Covid-19, conforme números do Sistema Único de Saúde (SUS), assim como os mesmos indicadores para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), fornecidos pela Fiocruz. O Índice de Transparência da covid-19, da Open Knowledge Brasil, e os dados de isolamento social, do Google, completam os indicadores analisados no ranking.
“Roraima acompanhou a ‘viagem’ da covid-19, com o epicentro passando do Amazonas para o Pará, e agora subindo”, diz o Head de Competitividade do CLP, José Henrique Nascimento, destacando o movimento de propagação do vírus entre Estados vizinhos, que têm maior fluxo de moradores.
“Roraima chegou em um estado complexo, para não falar calamitoso. Teve um aumento significativo nos números de covid-19 e de SRAG ao longo das últimas duas semanas e também tem a pior evolução relacionada ao coronavírus. A covid-19 está avançando de forma tenebrosa no Estado, que tende a se manter nessa posição, tendo em vista esse aumento significativo em sua curva de evolução nas últimas semanas”, avalia.
Segundo os números do SUS, Roraima tinha até ontem 17.583 casos de covid-19 e 354 mortes, contra 1,496 milhão de infectados no Brasil e 61.884 vítimas fatais. Mas, de uma escala de zero a 0,50 no País, Roraima tem evolução (em escala logarítmica) de casos de 0,48, segundo a última atualização do ranking, de 0,27 há duas semanas. No mesmo período, a média nacional passou de 0,29 para 0,24.
O número de casos por milhão de habitantes (pmh) no Estado praticamente dobrou do dia 16 de junho para o dia 30, de 11.127 para 21.721, enquanto no Brasil o aumento foi de 60% (5.678 para 9.117 por milhão de habitantes, em média). A taxa de mortalidade, por sua vez, diminuiu no Estado, de 2,95% para 2,10%.
Os números de SRAG, já descontados os casos que foram confirmados como sintoma de covid-19, indicam também grande subnotificação no Estado, que tem uma das menores taxas de transparência do País (50%). Agora, está no topo do Brasil em letalidade por SRAG, com 77,42%, com a quarta maior incidência do País, de 51,18 por milhão de habitantes (pmh), contra 33,44 na média nacional.
Roraima também influencia avaliação negativa da Região Norte
Depois de três semanas no topo, o Pará caiu para a segunda posição entre os Estados com situação mais desfavorável no enfrentamento ao coronavírus. Em terceiro, agora aparece Mato Grosso, que há duas semanas estava em oitavo.
Com o salto de Roraima, que passou de nota normalizada 47,91 para 67,15, o Norte do País voltou a ser a região com situação mais desfavorável em relação à covid-19. Mas o CLP continua a alertar sobre o quadro no Centro-Oeste (2º), com o recente crescimento exponencial de casos em Mato Grosso e no Distrito Federal. Consultados, os estados citados na reportagem não responderam os contatos até o momento da publicação da matéria.
Fonte: Estadão