Cotidiano

IBGE é alvo de operação da Polícia Federal

Em parceria com CGU, Federal investiga desvio de dinheiro e fraudes em licitações para contratar vagas em estacionamento

A Polícia Federal deflagrou, na manhã de ontem, a operação “Desvio Padrão”, que investiga denúncias de práticas criminosas no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão nas cidades de Boa Vista, Rio de Janeiro (RJ) e Estância Velha (RS). A ação contou ainda com a participação da Controladoria-Geral da União (CGU).
Conforme o delegado regional de Combate ao Crime Organizado em Roraima, Alan Robson Ramos, foram cumpridos sete mandados na Capital roraimense, sendo dois deles na casa de servidores do órgão. “Destes sete envolvidos aqui, na Capital, dois são servidores do instituto. Um trabalhava na parte de licitação e outro como supervisor de contratos, além de um empresário que venceu licitação realizada pelo órgão”, disse.
Essa licitação, a qual se baseia a investigação, é referente a um contrato firmado de 2011 a 2013. Durante esse período, a gestão do órgão contratou a locação de um estacionamento localizado no Centro, cujo valor mensal de aluguel era de R$ 12 mil. “Entretanto, a investigação mostrou que estava superfaturado, já que o valor real cobrado era de R$ 1.800,00. Ou seja, uma diferença de cerca de R$ 10 mil”, frisou o delegado.
Segundo Ramos, o prejuízo aos cofres públicos pode chegar à casa dos R$ 150 mil. Caso constatada a irregularidade, os investigados podem ser enquadrados por crime de peculato, associação criminosa, fraude em licitações e falsidade ideológica. As penas podem chegar a 20 anos de prisão. 
“Foi constatado nas apurações que, nessas licitações, também houve outras fraudes, como falsificação de assinaturas e a não realização de coleta de preço. A Controladoria-Geral da União foi importantíssima nessa investigação, pois ela fez todo o trabalho de análise que provou que era desnecessária essa locação, pois todas as viaturas utilizadas pelo órgão cabiam na garagem da sede administrativa no Estado. O IBGE argumentou que precisaria de vagas cobertas, mas essa justificativa também caiu por terra, porque o local que foi locado não tinha essa cobertura”, destacou.
Além da intimação aos envolvidos, a PF apreendeu uma série de provas materiais, como computadores, pen drives, celulares e documentos. O delegado acredita que as investigações serão concluídas em, no máximo, 30 dias. “Logo que analisado o material, nós pretendemos, nos próximos 30 dias, concluir as atividades. Os envolvidos estão sendo ouvidos nessa manhã, que era a pendência que tínhamos em relação aos trâmites da investigação. Logo que analisados esses depoimentos, juntamente com o material apreendido, os autos serão encaminhados à Justiça para as medidas cabíveis”, frisou.
IBGE – Em nota enviada à Folha, a assessoria de comunicação do IBGE confirmou que o caso já vinha sendo alvo de investigação interna desde novembro do ano passado. Ressaltou que continuará colaborando com as investigações da Polícia Federal, “esperando que tudo se esclareça o mais rápido possível”. (M.L)