A médica amazonense Maria Vanessa, de 38 anos, que teria sido agredida por indígenas Yanomami da região de Alto Alegre, passou por uma cirurgia na tarde da sexta-feira (17). Integrante do programa Mais Médicos, ela teve os dois braços fraturados e cortes na cabeça. O caso foi supostamente motivado pela morte de uma criança.
A informação sobre o procedimento foi confirmada à Folha pela equipe jurídica da profissional. O relato é que até aquele momento não tinha sido possível conversar com a médica por conta da sedação. A previsão para o início da cirurgia era por volta das 18h, porém sem horário certo para encerramento. A vítima chegou ao Hospital Geral de Roraima (HGR) por volta das 19h30 de quinta-feira (16), cerca de 24 horas após as agressões.
Ainda segundo o advogado, maiores detalhes sobre o ocorrido só serão possíveis após a cirurgia e uma melhora no quadro de saúde da médica.
“Vamos aguardar para ter um posicionamento da vítima sobre o que de fato aconteceu na Terra Indígena Yanomami. Acredito que na próxima segunda-feira teremos mais informações”, disse.
ENTENDA O CASO – A médica, que trabalha na saúde indígena na região do Xitei, a 30 km da região de Surucucu, na Terra Yanomami, em Alto Alegre teria sido gravemente ferida. As agressões teriam ocorrido por volta das 20h da quarta-feira, 15. A profissional foi transferida de avião até Boa Vista e encaminhada ao HGR em uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
Conforme uma socorrista que acompanhou o trajeto, o estado de saúde da paciente é estável, apesar dos ferimentos na cabeça e fratura nos braços. A médica teria sido agredida com terçados e pedaços de madeira.
O presidente da Taner (Texoli Associação Ninam do Estado de Roraima) Gerson da Silva Xiriana, assinou uma nota lamentando o ocorrido e pediu que órgãos como a Funai, Polícia Federal e Ministério Público Federal apurem o fato.
O Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM-RR) cobrou providências dos órgãos de fiscalização após a repercussão do caso, para que “absurdos como este não venham se repetir”.
“É necessário urgentemente que as autoridades constituídas tomem providências para que fatos como estes deixem de existir, para que profissionais de saúde não corram mais o risco de serem maltratados, sofrendo agressões físicas, psicológicas e morais. Este Conselho exige providências urgentes das Autoridades sobre este fato específico, e clama para que absurdos como este não venham se repetir”, diz trecho da nota.