Cotidiano

Pandemia prejudica rotina de aprendizagem e reforça desigualdade

A psicopedagoga Graciela Ziebert afirma que a pandemia traz consequências educacionais, entre elas, o reforço da desigualdade

Estudantes da rede estadual, municipal, e privada de Roraima estão desde o fim do mês de março sem ir à escola por conta da pandemia do novo coronavírus. Nessa crise de proporção global, educadores e famílias inteiras tiveram que lidar com a imprevisibilidade e aprender novas formas de estudar.

De acordo com a psicopedagoga, Graciela Ziebert, a pandemia gera impactos na rotina das crianças e adolescentes, e reforça a desigualdade social das famílias.

“A rotina é algo importantíssimo na vida das crianças por gerar mais segurança no desenvolvimento social. Então essa mudança repentina, de deixar de ir à escola, de interagir com colegas e professores, tem deixado os dias mais difíceis na convivência das famílias. Trouxe mais ansiedade, mais hiperatividade, e isso por si só já é um prejuízo muito grande”, explicou.

Graciela Ziebert é psicopedagoga (Foto: Arquivo Pessoal)

Ainda segundo Graciela, a desigualdade por questões de internet, e de auxílio dos pais, dificulta ainda mais o aprendizado em casa.

“Sabemos que muitas crianças têm dificuldade no acesso à internet, e muitos pais também não possuem uma formação escolar que os permita auxiliar os filhos no desenvolvimento das atividades escolares que estão sendo aplicadas de forma remota, causando muitas vezes desconforto nesses pais”, acrescentou.

RETORNO ÀS AULAS – Graciela reforça que essas desigualdades vão gerar prejuízos no retorno das crianças à escola.

“Quando os estudantes retornarem às atividades, essa desigualdade ficará ainda mais evidente, pois enquanto alguns tiveram facilidade para desenvolver as atividades e continuaram estudando, outros alunos não tiveram o mesmo acesso, então os professores terão o desafio de equilibrar essa desigualdade”, pontuou.

Além disso, as escolas terão que trabalhar junto às famílias tendo em vistas aos traumas emocionais que a pandemia possa ter gerado.

“Muitas crianças perderam entes queridos, muitas estão com medo de retomar a rotina por medo da doença, crianças que tiveram depressão, então além de recuperar a aprendizagem, as escolas terão esse trabalho para dar essa segurança emocional ao aluno e aos professores”, reforçou.