Cotidiano

Servidores da radiologia anunciam greve e enfermeiros ameaçam parar

Profissionais que trabalham na área da radiologia decidiram cruzar os braços em todos os municípios do Estado

Profissionais do setor de radiologia decidiram iniciar uma greve por tempo indeterminado em todo o Estado. A decisão foi adotada após assembleia geral realizada na quinta-feira passada, 30, em virtude do não cumprimento das reivindicações feitas pela categoria ao Governo do Estado.
Conforme o delegado do Conselho Estadual dos Profissionais em Radiologia, Leandro Correia, até o momento, o governo não se posicionou a respeito das solicitações feitas pelos trabalhadores. Dentre as reivindicações mais pontuais estão o repasse de 40% sobre o vencimento do salário do profissional aos servidores e melhores condições de trabalho.
“A gente vem tentando uma solução para esses problemas, mas eles sempre justificam que a legislação do Estado não permite efetuar esses pagamentos, só que eu creio que essa assessoria jurídica do governo precisa ser revisto, porque a legislação que ampara o profissional em radiologia é federal. Então, como uma legislação estadual se nega a seguir uma determinação superior?”, questionou.
Na quarta-feira passada, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) recebeu, em sua sede, profissionais de outra categoria que também pretende iniciar greve, os da enfermagem. A reunião ocorreu a portas fechadas. Segundo Correia, nenhum membro do conselho ou do sindicato ligado à radiologia foi informado da negociação. “Infelizmente, não houve nenhuma convocação por parte do governo sobre essa reunião, o que de certa forma nos deixa bastante descontentes”, complementou.    
Atualmente, o setor conta com aproximadamente 200 profissionais. Durante todo o período de greve, a categoria estará presente em dois pontos de concentração: um em frente ao Hospital Coronel Mota, no bairro São Francisco, e outro no Hospital Geral de Roraima, no bairro Aeroporto. “Lembrando que essa paralisação ocorre em todo o Estado. O sindicato está entrando em contato com os demais municípios que fazem parte da rede estadual de saúde para informar que a greve estará se dando de forma geral. Enquanto não houver nenhum acordo, a greve vai continuar”, salientou.
“Hoje, o HGR atende uma média de 400 as 450 pacientes por dia. O governo quer simplesmente demandar os serviços com apenas três profissionais. Toda demanda ambulatorial para um efetivo baixo é prejudicial para o profissional. O ideal era que, por plantão, o número de profissionais para atender a população deveria ser de seis a sete servidores. Hoje, se um deles entrar de férias ou estiver de atestado, esse número vai variar de três a quatro profissionais, o que é um número insuficiente”, frisou o sindicalista.
Nota do governo diz que vai se reunir com categoria hoje
Por meio de nota, o Governo do Estado informou que o secretário estadual de Saúde, Kalil Coelho, se reunirá hoje com representantes do conselho para negociar as reivindicações da categoria. “Um dos pontos apresentados pela categoria foi o aumento de profissionais ofertados nas unidades de Saúde do Estado. Em relação a esta solicitação, foi acordado que serão convocados 20 radiologistas aprovados no último concurso público, ao invés de 10 que estava previamente decidido”, diz a nota.
Conforme o governo, os demais pontos serão negociados em nova reunião que está marcada para a próxima segunda-feira, dia 11, com a finalidade de avaliar e estudar o impacto financeiro do Estado para verificar a possibilidade atual de atender as demandas apresentadas pela categoria.
O governo salientou ainda, que “tem trabalhado para melhorar a prestação dos serviços de Saúde à população e que entende que a boa atuação dos servidores é primordial para alcançar este objetivo”. “Porém, como a gestão recebeu o governo com muitas dívidas e mazelas, principalmente no setor da saúde, as melhoras não podem ser feitas com mais agilidade. Grandes avanços já podem ser experimentados pela população, mesmo que ainda tenha pontos a ser melhorado. Todo o esforço está sendo feito conforme a realidade financeira do Estado”, encerra nota.
Enfermagem aguardará cumprimento de acordos com o Governo do Estado
Outra categoria que aguarda mobilizada o cumprimento de acordos com o Governo do Estado é a dos trabalhadores em enfermagem. Conforme o presidente do sindicato que representa os profissionais no Estado, Roberto Morais, os trabalhadores aguardarão um prazo de 15 dias a convocação de concursados aprovados no concurso público realizado em 2013.
“Caso não haja o respeito ao acordo feito na reunião, que também inclui a questão do enquadramento e pagamento de progressões, reposição salarial referente a perdas inflacionárias do ano anterior, a categoria entrará em greve. Todos os serviços de enfermagem realizados na Capital e no interior serão suspensos. Ocorrendo isso, sumariamente as atividades serão interrompidas, sendo que em 72 horas nós comunicaremos à população e ao próprio gestor que estaremos entrando em greve”, frisou.
Em entrevista à Folha na manhã de ontem, o secretário adjunto da Sesau, Paulo Linhares, afirmou que a pasta se comprometerá em atender a todas as reivindicações solicitadas pela categoria, “ressaltando que o Estado tem feito seu papel no que diz respeito aos problemas encontrados no setor”.
“Houve uma conversa da categoria com o secretário Kalil Coelho, na quinta-feira. Foi uma conversa muito amigável, quando o governo se comprometeu a atender as reivindicações que se fazem necessárias. Uma delas é o chamamento dos profissionais aprovados no concurso público de 2013. Há uma programação financeira, porque não adianta chamar sem a possibilidade de pagar os servidores. Nós pedimos um prazo, eles entenderam muito bem e assim será feito”, destacou Linhares. (M.L)