A Operação Acolhida, em conjunto com a Agência da ONU para refugiados (ACNUR) e a Fraternidade Federação Humanitária Internacional, remodelou o abrigo do Jardim Floresta para que o local possa abrigar apenas indígenas, com todas as suas especificidades culturais.
Além de manter a tradição cultural, o artesanato promove a autossuficiência dos migrantes (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
Com capacidade para 450 pessoas, o abrigo possui redários e áreas para a manutenção de algumas tradições, como a produção de artesanato. Além disso, uma cozinha comunitária foi montada no local para o preparo de refeições típicas.
“A Operação Acolhida é norteada pelos princípios do bem-estar e da dignidade da pessoa humana”, disse o General Barros (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
A maior parte dos ocupantes é oriunda da ocupação espontânea do antigo Clube do Trabalhador, também conhecida Ka’Ubanoko. A transferência, voluntária, é fruto de diálogo e parcerias, segundo o Comandante da operação Acolhida, General Antônio Barros. “Buscamos o consenso, a construção da solução juntos”, disse.
O Coordenador Sênior de Campo da ACNUR, Arturo de Nieves, contou que ficou feliz com o resultado. “Temos um acordo de cooperação com o Ministério da Cidadania para a gestão dos abrigos em Roraima e estamos muito satisfeitos com este abrigo, específico para indígenas que estavam em situação de vulnerabilidade”.
Para o procurador de justiça Edson Damas, esse diálogo é inédito no Brasil. “É a primeira vez que o exército brasileiro dá aos indígenas de um país vizinho a oportunidade de serem ouvidos para que o acolhimento ocorra da melhor forma possível. A operação mostra para o mundo, mais uma vez, como devem ser tratados migrantes e refugiados”, elogiou.
O General Barros lembrou que os abrigos não são a solução para a crise. “A solução está no país de origem. Mas como mitigar isso? Com ações de ordenamento na faixa de fronteira, interiorização, o que, no caso dos indígenas, é mais complicado. Por isso, estamos empenhados em oferecer a eles uma boa qualidade de vida no Brasil, respeitando suas particularidades”.
Agora, são três abrigos voltados exclusivamente para os indígenas, dois em Boa Vista e um em Pacaraima.