Cotidiano

Venezuelana tenta driblar crise financeira alugando tanquinhos

Neimar Elen Ortega Martínez está no Brasil há 3 anos. Após perder o emprego, no início da pandemia, ela viu no aluguel de máquinas de lavar a oportunidade de obter renda.

20 de janeiro, dia de São Sebastião, padroeiro de Boa Vista. Para muitos, feriado. Para Neimar Elen Ortega Martínez, mais um dia de trabalho. Afinal de contas, dias ensolarados são ideais para lavar roupas.

Há cerca de seis meses, a venezuelana, de 34 anos, aluga máquinas de lavar. No reboque, acoplado à bicicleta motorizada, ela leva até dois tanquinhos, que podem ser alugados, com sabão em pó e amaciante, por apenas 20 reais, cada.

Segundo Neimar, a ideia foi do ex-marido, que não está mais no Brasil, e de sua irmã.  Ela lembra que, no início, andava em uma bicicleta comum.

“Como o pai da minha filha tinha emprego fixo e eu estava desempregada, fiquei responsável pela entrega dos tanquinhos. Eu pedalava por toda a cidade em busca de clientes”.  

O negócio prosperou, mas Neimar não pensa em parar por aí. Ela sonha em tirar a carteira de habilitação, comprar um veículo e mais cinco máquinas de lavar.

Um vídeo dela circulando pelas ruas de Boa Vista, feito pelo empresário Marcinho Belota, viralizou e uma vaquinha está sendo feita para ajudá-la a realizar esse sonho.

O link para quem quiser contribuir é Mãe solo aluga tanques de lavar roupa para sustentar casa e sonha ter mais máquinas e um carro para ampliar seu negócio | VOAA – Vaquinha do Razões

Até agora, mais de 7 mil reais já foram arrecadados. A meta é arrecadar pelo menos 35 mil reais.

Quem tiver interesse no serviço oferecido por Neimar, pode entrar em contato pelo número (95) 99116 7423.

A vida no Brasil

Neimar Elen Ortega Martínez chegou ao Brasil em 2017, depois que a crise na Venezuela se agravou.

Ela conta que nunca conseguiu emprego em Boa Vista. Por isso, decidiu se mudar para Balneário Camboriú, Santa Catarina, onde 15 dias após sua chegada começou a trabalhar numa sorveteria.

No entanto, ela e outros funcionários foram demitidos logo no início da pandemia.

De volta à Roraima, desempregada e com uma filha de 13 anos, Neimar apostou na ideia do ex-marido e, hoje, o aluguel de máquinas de lavar é seu ganha pão.

A venezuelana sonha em comprar uma casa própria e quer investir na educação da filha, que segundo ela, desenha muito bem. Depois que o pai da adolescente retornou ao país vizinho, as duas vivem em uma casa alugada, no bairro Silvio Leite.

Neimar revelou que apesar de sentir saudades da Venezuela, no momento, não pretende voltar.

“Acho que todo imigrante sonha em voltar ao seu país de origem. Não é fácil sair. Eu sinto falta da Venezuela onde eu cresci. Quando eu era criança, era outro país. Tínhamos tudo, não havia crise. Comida, gás, energia. O salário era suficiente. Hoje, não dá para comprar um quilo de arroz. Talvez eu volte, um dia”, disse.