Desde que as novas medidas restritivas ao comércio foram anunciadas pelo prefeito Arthur Henrique, no dia 28 de janeiro, os donos de bares e restaurantes da capital tiveram que se readequar para não descumprir o decreto, válido por 15 dias.
Os estabelecimentos só podem ficar abertos ao público até as 15 horas, com apenas 30% da capacidade. Após esse horário, apenas delivery e dhrive thru.
Eden Picão, prorietário do Mestranza Fogo de Chão, contou que para permanecer de portas abertas, teve que reduzir os dias de funcionamento.
“Abríamos de quarta a sábado para o jantar e, no domingo, para o almoço. Agora, abriremos apenas às sextas, sábados e domingos”, disse ele.
Para Ademir Santos, presidente da Fecomércio em Roraima, o impacto dessas medidas é grande.
“Quem possui bares, restaurantes e lojas, paga as contas com o que faturou no dia anterior. Nestes 15 dias, evidentemente sem faturamento, alguns compromissos vão se acumular e isso tem um reflexo muito grande a longo prazo. Porque para aquele empresário que não tem capital de giro, que o capital de giro é o movimento diário, isso é terrível”, disse.
Mas ele entende que é preciso seguir as medidas e que há um impasse. “É preciso entender os dois lados. O empresário sofre, mas o Estado não consegue atender a todos que precisam dos serviços de saúde”.
Segundo Ademir, a Fecomércio fez uma campanha de conscientização para que não houvesse aglomerações em bares e restaurantes, especialmente no fim do ano, mas não surtiu o efeito esperado. “A população não seguiu as orientações e os hospitais estão lotados”.
“O nosso povo é caloroso, gosta conversar, abraçar, estar junto. E, infelizmente, a população não entendeu a necessidade do isolamento social e continuou aglomerando. A saúde entrou em colapso. O Estado teve que restringir para que não passássemos pelo que passa o Amazonas”, explicou.
A proprietária de um dos bares mais concorridos da capital conversou com a nossa equipe de reportagem e contou que alguns clientes não respeitam as regras. “Não querem colocar a máscara, manter a distância necessária. Já sofremos inclusive agressões verbais. É muito complicado”, revelou ela.
De acordo com o infectologista Joel Gonzaga, as restrições impostas pela prefeitura são fundamentadas em protocolos instituídos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelos governos do mundo inteiro.
O médico acredita que, no momento, as medidas devem ser mais duras realmente e que o Governo deve socorrer comerciantes e empresários.
“Estamos na segunda onda de uma pandemia muito séria, que causa mortes, especialmente daqueles que fazem parte do grupo de risco, como obesos, hipertensos, cardiopatas, pneumopatas, diabéticos e idosos. É muito importante que as pessoas priorizem atividades econômicas essenciais e deixem o lazer coletivo para depois”, alertou.