Cotidiano

'Não dá para evitar adesão de venezuelanos em facções', diz Sesp

“Não tem como nós evitarmos que o venezuelano faça parte de uma facção criminosa nacional”, diz Edison Prola

O sistema prisional de Roraima conta com mais de 350 presos venezuelanos, cerca de 12% dos quase três mil detentos que se encontram atualmente nas penitenciárias do estado. A avaliação é que é impossível impedir a união das organizações criminosas entre brasileiros e estrangeiros.

O relato é do secretário de Segurança Pública do Estado (Sesp) , Coronel Edison Prola, em entrevista à FolhaBV, após o Ministério Público de Roraima denunciar venezuelanos que participam da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), unindo o crime organizado do Brasil e Venezuela.

Conforme o secretário, milhares de imigrantes já foram interiorizados, mas àqueles que já cometeram crimes permanecem no estado, “trabalhando ou continuando na vida do crime”.

“O Estado hoje ele tem conhecimento, ele monitora isso. Mas não tem como nós evitarmos que o venezuelano faça parte de uma facção criminosa nacional. Não tem como. A gente tem que lutar e travar essa batalha diária”, explicou o secretário.

Segundo ele, o monitoramento nas fronteiras existe há muito tempo, mas a imigração teria facilitado a união das organizações criminosas. Para o secretário, o crime organizado instaurado em Roraima viu no venezuelano uma mão de obra para as ilegalidades.

“Nosso estado e o país recebeu de braços abertos o povo venezuelano passando fome, necessidade, falta de medicamentos. Mas em compensação vieram marginais, que eram bandidos, traficantes, assassinos… e mais um universo possível de delinquentes. E lá na fronteira, não há um controle. E nesses últimos anos, o crime organizado brasileiro nacional viu neles uma mão de obra”, disse Prola.

Penitenciária Agrícola já foi palco de chacina durante briga entre membros de facções (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Presença do crime organizado no sistema prisional foi detectado em 2013

A presença das facções nacionais no estado foram detectadas em 2013 com o PCC, segundo investigações do Ministério Público. Em 2016 e 2017, a Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (PAMC) foi local de duas chacinas que totalizam cerca de 40 mortos envolvidos ou não com as facções, a última é considerada a terceira maior no Brasil.

No final de 2018, o governo do Estado pediu apoio da Força Nacional, seguindo a Política Nacional de Segurança Pública (PnaSP), que enviou a Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP), presente até o momento.
Para o coronel essa união facilitou o trabalho de monitoramento e realização de prisões.

“Felizmente o governo fez políticas de segurança pública a nível nacional para que os municípios, as forças de segurança nacional, o Exército Brasileiro, a Força Aérea e todo esses órgãos unam com as forças locais da Polícia Militar, Polícia Civil e Secretaria de Segurança Pública, guardas municipais e a polícia penal. Então, hoje nós temos aqui em Roraima a força de combate ao crime organizado, que é liderada pela Polícia Federal e com a união de todos os órgãos”, explicou.

Prola ressalta ainda que a presença da FTIP no estado, fazendo rondas, intervenção penitenciária e treinamento das equipes estaduais, é certa por mais 90 dias. Mas a Sesp pretende que a força tarefa fique por mais tempo, para concluir o treinamento dos novos agentes penais e garantir maior auxílio na segurança do estado. 

Quanto à segurança no estado, o secretário disse que as melhorias nas cadeias, principalmente na PAMC, junto ao apoio da Força Nacional, garantem um sistema prisional a nível nacional.

Com informações de Adriele Lima

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