Nesta sexta-feira, 2, é comemorado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. A data é importante para conscientizar a população sobre essa condição, que atinge cerca de dois milhões de brasileiros, segundo dados do CDC (Centro de Controle e Prevenção do Autismo), e ainda é envolta de muitas dúvidas.
O TEA (Transtorno do Espectro Autista) é marcado pela dificuldade no relacionamento social, por conta das perturbações do desenvolvimento neurológico que podem se manifestar ao mesmo tempo ou de maneira isolada. Nesse momento, o papel da família se torna fundamental para inserir o portador na sociedade e dentro do âmbito familiar.
De acordo com o neurologista Felipe Portela, que atua na Clínica Médica Especializada Coronel Mota, o apoio da família é muito importante após o diagnóstico.
“Essas crianças têm dificuldade de interação social e acabam tendo as pessoas da família como mais próximas, por isso o apoio da família é fundamental para elas, na hora de ir ao médico, psicopedagogo. Tudo isso é fundamental para que a criança tenha os impactos do autismo minimizados e possa ter uma vida de uma maneira mais funcional”, explicou.
O neurologista explica que é preciso estar atento para identificar a dificuldade de socialização, de comunicação e padrão de comportamento restritivo e repetitivo, que são algumas das características principais do TEA.
“Normalmente os familiares, os pais, começam a perceber já na infância. Principalmente a dificuldade de comunicação e de interação social. Geralmente, essas crianças têm dificuldades de olhar nos olhos, de abraçar. Elas são mais retraídas, o que influencia diretamente na questão da comunicação e da interação social”, esclareceu.
O médico destaca ainda que a comunicação se torna restrita por conta dessas características, principalmente, da dificuldade de interagir com outras pessoas.
“Geralmente essas crianças acabam tendo um interesse mais fixo em alguma coisa, muitas vezes com manias, com coisas repetitivas, com interesses em determinado tipo de assunto, e essas características surgem principalmente na infância”, complementou.
Tratamento pode ser feito pelo SUS
Na rede estadual, o CER II (Centro Especializado em Reabilitação Física e Intelectual) disponibiliza o tratamento de maneira gratuita. Atualmente, o atendimento é prestado no prédio do Centro Integrado de Atenção à Pessoa com Deficiência em Boa Vista, na Avenida São Sebastião, 1195 – Santa Tereza.
De acordo com a coordenadora Léa Sversut, na Unidade, mesmo durante a pandemia, os atendimentos continuam sendo feitos, com a realização de avaliações em crianças e orientações aos pais, além do atendimento com a equipe multiprofissional, incluindo médicos, enfermeiros, dentistas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, fisioterapeutas e assistentes sociais.
“A Unidade atende o paciente que possui diagnóstico concluído pra autismo. A partir daí, nossos profissionais iniciam o acompanhamento. Toda a equipe tem se dedicado a orientar também por meio do atendimento remoto para casos mais graves, em que a criança necessita de atividades mais específicas. Nesse período de pandemia, temos prestado também esse auxílio por contato virtual”, disse.
Conforme o neurologista Felipe Portela, a terapia multidisciplinar é o principal tratamento e garantia do desenvolvimento saudável.
“O acompanhamento pode envolver um psicólogo dando apoio a essa criança, um psicopedagogo, um médico, muitas vezes também um psiquiatra. Então essa abordagem multidisciplinar é fundamental para o tratamento, para minimizar os impactos do autismo. É importante dizer que, dependendo do quadro do paciente, criança ou até mesmo adulto, a gente pode lançar mão de medicamentos, visando controlar algum outro sintoma”, finalizou o neurologista.