Após o resultado apontar que uma senhora de 63 anos estaria com câncer de mama, a filha dela, uma servidora pública, se apressou para realizar os exames pré-operatórios, na expectativa de que o procedimento cirúrgico fosse pela rede pública de saúde, por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), o que não ocorreu.
Mas, a pressa da servidora pública só não foi em vão porque ela conseguiu, com a ajuda de amigos, 23 mil reais para a realização da cirurgia, que foi feita na última terça-feira (6), em um hospital particular. A filha pediu que não fosse revelada a identidade dela e nem da mãe.
“Consegui o dinheiro emprestado para pagar o hospital, médicos, patologistas e outras despesas, e agora vou ter que pagar os meus amigos. Obrigado a todos eles, por entenderem aquele momento de sofrimento e de dificuldades que passamos”, disse a servidora pública. Ela contou que descobriu que a mãe estava com câncer em janeiro deste ano.
“Eu fiz de tudo para que os exames fossem feitos o mais rápido possível, para que no dia que fôssemos entrega-los ao médico ele nos informasse sobre a cirurgia e o tratamento. O primeiro agendamento com o médico seria 19 de março e depois teria sido reagendado para 23 de março”, contou.
“Na conversa com o médico ele disse que as cirurgias estavam paralisadas. Perguntei se quando retornassem os atendimentos qual seria a posição da minha mãe na fila de espera, e ele disse que tinham 35 pessoas na frente dela. Fiquei desesperada”, relatou a servidora pública.
Ela disse que passados alguns dias após a reposta do médico, procurou a ouvidoria da Sesau, o secretário de Saúde, o governador de Roraima, Ministério Público Estadual. “Mas tudo foi muito desgastante e frustrante. Amigos me emprestaram o dinheiro, e na terça-feira passada paguei no particular, por não ter previsão no SUS”, ressaltou.
A servidora pública contou que está fazendo acompanhamento com uma psicóloga. “É muito desgastante, é uma dor muito grande você saber que uma pessoa que você ama está com uma doença e você não consegue resolver, porque o sistema não funciona. Sofremos muito, mas graças a Deus e aos meus amigos minha mãe fez a cirurgia”, afirmou.
Cirurgias estão suspensas e 30 oncológicos estão na fila de espera
Em contato com a Sesau (Secretaria de Estado da Saúde), a reportagem foi informada que as cirurgias oncológicas estão suspensas, conforme as orientações do Ministério da Saúde, em função da pandemia da covid-19. “Todas as cirurgias estão suspensas, medida que alcança alguns procedimentos oncológicos incluídos como acompanhamento ambulatorial”.
A Sesau disse que é importante ressaltar que o atual cenário da pandemia da covid-19 ainda causa oscilação no índice de internações, seja nos leitos clínicos ou de UTI do HGR, por isso é preciso alcançar a situação de controle da pandemia para a retomada plena de cirurgias no HGR (Hospital Geral de Roraima). “A Sesau está trabalhando para finalizar um novo cronograma de cirurgias para que todos os procedimentos voltem a ser realizados”, garantiu, mesmo sem informar quando estará pronto.
Informou que, cerca de 30 pacientes aguardam cirurgia e serão contemplados no novo cronograma de cirurgias que a Sesau está finalizando. Esclareceu ainda que as cirurgias oncológicas são consideradas urgentes, mas há procedimentos que integram o seguimento/acompanhamento que fazem parte do ambulatório. “Ainda assim, estão todas suspensas em função da pandemia de covid-19”.
Aproximadamente 500 novos pacientes ingressam por ano na Unacon, diz Sesau
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), por meio da Coordenadoria Geral de Regulação, Avaliação e Controle (Cgrac), informou que atualmente 188 pacientes estão em trânsito (em tratamento fora do Estado) e destes 75 são pacientes oncológicos.
Em relação ao número de pacientes em tratamento, a Sesau esclareceu que é relativo, uma vez que esse paciente ao ser atendido na Unacon passa a receber o tratamento e a incluir o seguimento/acompanhamento durante toda a vida.
“Ou seja, se torna um paciente que recebe atendimento de forma contínua ao longo da vida. É possível estimar que em torno de 400 a 500 novos pacientes ingressam anualmente na Unacon [Unidade Oncológica de Roraima]”, disse.
E sobre em que caso é realizado cirurgia no HGR para pacientes com câncer, ressaltou que em todos os casos de urgência e emergência.