Cotidiano

Paciente relata sofrimento enquanto aguarda em fila de cirurgias

A paciente Marilene Rocha Barroso, de 58 anos, foi informada de que teria que esperar duas mil pessoas para realizar a cirurgia de remoção de pedras nos rins

A paciente Marilene Rocha Barroso, de 58 anos, tem cinco pedras nos rins que sobraram da sua última cirurgia em 2011. Segundo a paciente, há quase um ano, a dor está insuportável e tornando cada vez mais difícil a espera da extensa fila para realizar uma nova cirurgia.

“Eu fui para o Hospital Coronel Mota, cheguei lá tem mais de duas mil pessoas na minha frente. Eu não consigo esperar isso. Eu não vou conseguir esperar porque eu não como, eu não durmo, eu estou intoxicada de tanto tomar remédio e o meu intestino dói tanto que eu fico gritando dentro do quarto. Eu passo a noite toda morrendo de dor e quando é cinco horas da manhã eu venho para a rede”, relatou a paciente que foi informada sobre a fila quando retornou à clínica cerca de três semanas atrás.

Em setembro Marilene procurou atendimento no Pronto Atendimento Cosme e Silva, mas foi informada que seu problema não seria resolvido ali, pois era uma dor crônica e precisava de cirurgia. Então ela se consultou na Clínica Especializada Coronel Mota, fez exames e os médicos mostraram onde as pedras estavam.

No entanto, ela já sabia que alguns pedaços de pedras teriam ficado após uma remoção em 2011. O médico que a acompanhava e fez a primeira cirurgia, informou Marilene. Mas esse médico saiu do Sistema Único de Saúde (SUS) antes de realizar a cirurgia, depois de quase 5 anos acompanhando a situação da paciente. Agora, por volta de um ano, a dor retornou.

“As pedras não vinham doendo e há quatro anos eu não vejo o médico, mas sempre que via ele passava remédio para as pedras não doerem. Só que agora, depois que eu não vejo mais ele, elas se danaram a doer. De um ano para cá elas não param de doer. Sabe o que é um ano de dor?” questionou Marilene.

De acordo com a paciente, ela não toma mais medicamentos além do analgésico dipirona porque é o único, que algumas vezes, diminui a dor. Ela ainda contou que não aguenta ficar muito tempo em pé, fica deita na rede e não consegue ajudar o marido no brechó que a família possui e que garante o sustento da família.

A PRIMEIRA CIRURGIA – Em maio de 2011, Marilene Rocha Barroso, na época com 47 anos, entrou em contato com a FolhaBV para noticiar que estava esperando a cirurgia para retirada das pedras há dois anos e por quatro vezes foi remarcada, no HGR.

Por ter que esperar, ela usou sonda por mais de dois meses antes de fazer a cirurgia. E acredita que o problema será resolvido novamente: “enquanto eu tenho vida, eu tenho esperança”, contou.

OUTRO LADO – A FolhaBV entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) que se manifestou através da seguinte nota:

A Secretaria de Saúde informa que a Clínica Especializada Coronel Mota está realizando, sem nenhuma alteração, a inclusão de pacientes no sistema para a fila única de cirurgias. Para isto, os pacientes precisam apresentar o encaminhamento do procedimento cirúrgico expedido pelo médico, com cópia do RG, CPF, comprovante de residência e cartão do SUS.

É importante ressaltar que a confirmação dos procedimentos é feita após regulação pela CGRAC (Coordenadoria Geral de Regulação, Avaliação e Controle), de acordo com a gravidade do caso, conforme as diretrizes do Ministério da Saúde.