Em 2019, Roraima registrou 22 casos confirmados de meningite; no ano passado foram contabilizadas 14 confirmações e, este ano, o sistema apresenta três casos confirmados da doença de acordo com dados do MS (Ministério da Saúde), por meio do Sinan Net (Sistema de Informação de Agravo de Notificações).
A doença é uma infecção que se instala principalmente quando uma bactéria ou vírus, por alguma razão, consegue vencer as defesas do organismo e ataca as meninges, três membranas que envolvem e protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central.
Os sintomas são dor de cabeça e na nuca, rigidez no pescoço, febre e vômito. Ela pode evoluir rapidamente, em especial entre crianças e adolescentes, para perda dos sentidos, gangrena.
Para a gerente do Núcleo de Controle de Meningite, Maria Daiane Rodrigues Rivero, a redução nos registros nos últimos anos é resultado do acompanhamento das ações realizadas em todo o Estado, que continuou mesmo em período de pandemia.
“O Estado tem cumprido severamente as metas e os objetivos no que diz respeito ao controle, monitoramento e avaliação de todos os casos. Nós fazemos isso junto às vigilâncias municipais, o acompanhamento dos casos notificados, e realizamos a orientação sobre como deve ser feita a investigação, além das medidas de controle e a realização de quimioprofilaxia, quando é necessário”, esclarece.
De acordo com neurologista Felipe Portela, a doença pode ser causada por bactérias, fungos ou vírus, no entanto, a mais frequente é a meningite bacteriana que, além de ser a mais grave, é infectocontagiosa e pode ser transmitida pelo ar.
“Quando se dão por bactérias, essa infecção é muito mais grave. Ela se manifesta causando febre, confusão mental, dor de cabeça e rigidez da nuca. Não dá para tratar em casa e as pessoas, quando têm esses sintomas, devem procurar o hospital imediatamente. O paciente deve ficar isolado durante as primeiras 24 horas. Lá será feito tratamento com antibiótico na veia durante alguns dias e esse paciente precisa ficar em observação em caso de piora”, complementa.
Vacinação aumenta as chances de cura
A vacinação tem como objetivo a imunização contra o tipo C da doença (meningite meningocócica), que pode evoluir para meningite e outras doenças graves causadas pelas bactérias meningocócicas. Em 2019, a cobertura vacinal alcançou 83,54% dos roraimenses e, em 2020, o alcance foi de 78,54%.
O neurologista reforça que, quanto mais cedo o tratamento for iniciado, maior é a chance de recuperação e a principal forma de prevenção é tomar a vacina. “É uma doença que pode acometer desde o recém-nascido ao idoso, ou seja, ao longo de sua vida a pessoa pode ser acometida pela doença. Hoje, o que nós temos para fins de prevenção são as vacinas, que agem contra os principais agentes causadores da meningite e são disponibilizadas no SUS, por isso, a população deve estar atenta e tomar a vacina”, recomenda.
Tratamento
O tratamento das meningites bacterianas tem de ser introduzido sem perda de tempo, porque a doença pode ser letal ou deixar sequelas, como surdez, dificuldade de aprendizagem, comprometimento cerebral. Ele é feito com antibióticos aplicados na veia.
Assim como para as outras enfermidades causadas por vírus, não existe tratamento específico para as meningites virais. Os medicamentos antitérmicos e analgésicos são úteis para aliviar os sintomas.
Meningites causadas por fungos ou pelo bacilo da tuberculose exigem tratamento prolongado à base de antibióticos e quimioterápicos por via oral ou endovenosa.