O panorama do mercado de seguros no Brasil continúa o ano com boas cifras e expectativas de crescimento para os períodos seguintes. A notícia não passa despercebida perante um contexto geral pouco alentador. A própria Confederação Nacional de Seguradoras (Cnseg) destaca o preocupante da situação económica do país no seu relatório mensal Conjuntura n° 42.
Segundo a organização, a cada dia aumenta o risco de que o Brasil- por causa das incertezas sanitárias, fiscais e políticas que se retroalimentam- se afaste cada vez mais da recuperação global deste ano. Para entender é só preciso olhar para os dados do FMI (Fundo Monetário Internacional) sobre projeções de crescimento: enquanto as estimativas no crescimento da economia mundial subiu 0,5 pontos porcentuais para 6%, a projeção para o país subiu apenas 0,1 p.p. para 3,7%, ainda num cenário otimista.
É por isso que o comportamento dos seguros destaca: se comparados os meses de fevereiro de 2020 e 2021, a demanda cresceu 5,5%, movimentando mais de R$22 bilhões em prêmios e contribuições à previdência e à capitalização. Acontece que, ainda com o orçamento apertado, a maioria das pessoas viu a pandemia como uma prova mais da necessidade de contratar seguros como mecanismos de prevenção de riscos (ex.: seguros de vida, planos de saúde, etc.).
Dentre todos, o subsegmento de seguros de carro sobressaiu pelas cifras de incremento. no mês de fevereiro o incremento foi de 7,4%, com um resultado de R$2,7 bilhões em prêmios diretos, mesmo tendo que fazer frente à queda de 4,4% em janeiro. Acontece que o setor fica diretamente ligado com a produção e venda de veículos (zero quilômetro, seminovos ou usados), por isso a análise do seu comportamento é preciso.
Contrário aos seguros, a indústria automotriz não está passando pelo seu melhor momento. A produção registrada em 2020 foi a menor em 17 anos, e ainda este ano a pandemia continua a mostrar seus efeitos. Mesmo que sem as paralisações totais do ano passado, as interrupções nas linhas de montagem provocadas pelos incrementos nos contágios, fizeram a fabricação de veículos cair 4,7% de março para abril: de acordo com a ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) no total foram produzidas 190,9 mil unidades.
Já a venda de carros e demais tipos de veículos é outro assunto. Dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) mostram que, no mês de fevereiro, a venda de automóveis registrou um crescimento de 15,1% em comparação ao mesmo período de 2020. As operações bem sucedidas atingiram o número de 876.306. O movimento de carros seminovos e usados ultrapassa a comercialização de automóveis zero quilômetro levando em conta que o emplacamento recuou 22,4% em relação a fevereiro de 2020.
De qualquer jeito, sem fazer a diferenciação do tipo de veículo (novo ou usado), os resultados consolidam o mercado de automóveis como um dos poucos da economia que apresenta crescimento em época de pandemia e isso, claramente, vê-se refletido no comportamento dos seguros.