Cultura

Pontos de ônibus no Tepequém viram obras de arte

O artista conta que todo o processo da obra contou com apoio dos moradores da região

Pontos de ônibus escolares ao longo da RR 203 no município de Amajari, no Tepequém, se transformaram em telas para as obras do artista plástico Edinel Pereira. A ação faz parte do projeto “Arte no Ponto” contemplado pelo Governo de Roraima, através da Secretaria de Cultura com recursos da Lei Federal Aldir Blanc.

 Os pontos foram construídos para atender os alunos da rede escolar municipal e estadual que funcionam no município. “Eu pensei que os pontos poderiam ser revitalizados com pinturas que pudessem revelar ou exaltar algum aspecto da cultura daquele lugar. Os pontos estão localizados nas vilas e cidades, ao longo das duas estradas, em frente a fazendas, comunidades indígenas e rurais” explicou Edinel, que atualmente está morando na região.

 “Essa foi a forma que consegui divulgar meu trabalho, e estou mais do que grato em poder apresentar essas pinturas para quem mora e visita o Tepequém. Desde que eu comecei a visitar e a conhecer a região, eu sempre imaginava uma forma de retribuir, foi quando surgiu a Lei Aldir Blanc, que foi uma oportunidade certa. Além do Amajari, a ideia é levar para outros municípios” explicou.

 O artista conta que todo o processo da obra contou com apoio dos moradores da região. “Eu fico honrado com as respostas das pessoas, que a todo momento me dão os parabéns, os turistas, e os moradores que falaram que moram a pouco tempo aqui e já trouxe alguma coisa para acrescentar. Foi muito gratificante, sair da galeria e estar na frente de um painel no meio do lavrado. A ideia é apresentar mais projetos e tenho muitas ideias, espero que dê certo” disse.

 Segundo ele, Roraima é um estado com muitas misturas culturais, o que proporciona vários desafios e inspirações para o artista.

 “Sempre foi um desafio. Todo dia eu estou pintando. Quando estou pintando um quadro, já me surge a ideia para realizar outro. Eu fiquei muito honrado de ser premiado em dois lotes e isso foi muito gratificante, porque os artistas estão passando por dificuldade durante a pandemia. “, relata.

 A intervenção foi aprovada com Prêmio Anísio Fernandes de Artes Visuais. De acordo com o governador Antonio Denarium é importante mostrar como os recursos da Lei Aldir Blanc beneficiaram a cultura no Estado.

 “Nós ouvimos os anseios e discutimos o melhor caminho para que esses recursos fossem aplicados e chegassem a quem realmente precisava. Agora temos os resultados que nos orgulham de termos feito a correta aplicação do dinheiro público, especialmente para a nossa cultura”, garantiu Denarium.

 O governador Antonio exaltou a forma como os artistas estão apresentando o resultado de seus trabalhos.

 “A lei beneficiou tanto as pessoas que estão necessitando do auxílio imediato, como oportunizou produtores, realizadores culturais de segmentos diferentes a apresentarem seus trabalhos artísticos que, naturalmente, alimentam a nossa sociedade de valores que fazem parte da nossa essência cultural”, enfatizou.

 O secretário de Cultura Sherisson Oliveira, explicou que por meio da ação foi possível contemplar artistas renomados da cultura de Roraima que foram atingidos com a pandemia.

 “Os editais da lei Aldir Blanc foram criados para contemplar a cadeia produtiva da cultura de maneira abrangente onde projetos como o do Edinel, até então engavetados, pudessem ser colocados em prática e passassem integrar o cenário de um dos principais pontos turísticos do nosso Estado” finalizou Sherisson.

 

Quem é Edinel Pereira

 Nascido no município de Mucajaí, filho de agricultores, Edinel Pereira teve uma infância pobre. A arte teve início em sua vida como brincadeira de criança. Nessa época, seus brinquedos eram todos feitos com materiais que encontrava pelo chão. Entre seu acervo artístico, materiais como discos de vinil, areia, telhas, tijolos e papelão se transformam em peças que contam um pouco sobre a história e a beleza da miscigenação roraimense.

 Segundo Edinel, ele demorou a se intitular como artista, primeiramente por não ter começado suas obras em telas. “Eu não tinha contato com telas, desenhava com carvão e pedras, entalhava madeira e criava com areia”, explica.

 Além de artes plásticas, ele produz enfeites florais para casamentos, festas de aniversário, eventos empresariais, entre outros. O artista faz, ainda, esculturas de frutas e ministra cursos e oficinas em comunidades carentes e escolas na capital. “Além de fazer arte, é preciso ensinar arte. Gosto de passar adiante o que aprendi e incentivar novos artistas locais”, ressalta.