Garimpeiros ilegais atiraram e mataram um cachorro da Comunidade Maikohipi, na região do Palimiu, Terra Indígena Yanomami em Roraima, na última quinta-feira (10). No mesmo dia, os indígenas sofreram três invasões.
De acordo com membros da comunidade que presenciaram o ocorrido, os invasores, que ficam rondando a região do Palimiu, entraram na localidade entoando palavras homofóbicas e ameaçando os indígenas. O animal foi morto como forma de aviso aos povos originários para que deixem de enfrentar os invasores.
Após o incidente, um novo ofício pela Hutukara Associação Yanomami (HAY) à Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami da FUNAI, à Superintendência da Polícia Federal em Roraima (PF/RR), à 1ª Brigada de Infantaria da Selva do Exército – 1ª BIS e ao Ministério Público Federal em Roraima, solicitando mais uma vez segurança para os indígenas Yanomami.
Segundo depoimentos constantes no ofício, em uma das investidas, os garimpeiros ilegais adentraram o território e convocaram uma liderança da comunidade, gritando, ‘vem, viado, vamos conversar, comparece aí (sic)!”
Assim, o clima continua tenso na região que abriga sete comunidades, sendo duas, alvos constantes dos garimpeiros ilegais nos últimos dias. Sete pedidos de socorro já foram feitos pelos indígenas, mas os povos originários seguem sendo ignorados pelas autoridades.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) diz que presta segurança a Yanomamis da região, mas a declaração é desmentida pelos indígenas. Agentes citados pelo órgão como responsáveis pela segurança da comunidade estão, na verdade, a 150km do local ameaçado. Enquanto isso, atuando por meio de investidas em grupos grandes e fortemente armados, os invasores seguem tornando a vida insalubre na reserva indígena, onde o medo virou rotina.
“Mais uma vez alertamos para a permanente e crescente situação de insegurança para a comunidade do Palimiu, que segue sob ameaça constante de garimpeiros fortemente armados”, diz o documento desta quinta, repetindo a demanda já tantas vezesenviadas às autoridades.
“Insistimos novamente para que impeçam o avanço da atividade ilegal para garantir a segurança às comunidades indígenas no Palimiu, e na Terra Indígena Yanomami, inclusive garantindo a presença constante das forças públicas de segurança na região e fornecimento contínuo de apoio logístico para operações”, finaliza o ofício assinado por Dário Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami.
Outros Ataques
Quatro barcos com garimpeiros armados já haviam invadido outra comunidade da reserva, a Maikohipi, na madrugada do último dia 05 de junho. Com bombas de gás lacrimogêneo, os invasores chegaram por volta da uma hora da manhã no Território Yanomami.
O ataque aconteceu um dia após o término da Operação Palimiú 1, do Exército Brasileiro e da Polícia Federal, que desativou sete garimpos ilegais na região entre os dias 12 de maio e 04 de junho.
A região do Palimiu vive uma rotina de medo e tensão desde o início dos ataques no mês de abril. No último dia 10 de maio, embarcações se aproximaram às margens do Rio Uriracoera e começaram a atirar contra os indígenas.
No dia seguinte (11), um novo tiroteio durante uma visita da Polícia Federal deixou duas crianças mortas – para fugir dos tiros, elas se esconderam na mata e caíram no rio, morrendo afogadas.
Os dias que se seguiram foram marcados por novos ataques com arma de fogo e bombas de gás lacrimogêneo. Durante o mês de maio, quatro ofícios da Hutukara Associação Yanomami (HAY) pedindo segurança para os indígenas da Comunidade Palimiu foram ignorados pelas autoridades.
A região passou a ter alguma atenção das autoridades após o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenar que a União garantisse a segurança dos Yanomami, mas nada que impeça a continuidade da rotina de violência e violação que sofrem as comunidades.
Fonte: Brasil de Fato