Com impacto direto no orçamento das famílias e em estabelecimentos comerciais, a dona de um restaurante de comida caseira na Zona Oeste de Boa Vista, Jessyca Marinho, enfatiza que o aumento de gás de cozinha gera um efeito cascata na economia e complica a vida dos pequenos comerciantes.
“Essa é uma uma notícia triste, pois a gente acredita no empreendedorismo dos bairros e dos centros. A gente precisa de um preço em que todos consigam trabalhar. Aqui a gente tem que comprar duas botijas por semana e esse aumento reflete no valor da comida”, disse.
Com dois anos de funcionamento, Jessyca luta para manter vivo o restaurante que vende comida barata e de qualidade, mesmo pressionada pela pandemia, a alta nos alimentos e constantes aumentos no gás de cozinha. “Para você ter uma ideia, no começo da pandemia, a gente comprava o kg da panelada R$ 6,00, hoje a gente compra a R$ 14,00. Muitas vezes, a gente paga para trabalhar e não fechar o restaurante, pois a gente pensa que essa fase vai passar e vai melhorar um dia”, desabafa.
A Petrobras anunciou o 15ª aumento seguido no GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), ou seja, no gás de cozinha na última sexta-feira (11). Com a medida, o preço médio da botija de gás sofreu reajuste de 5,9% nas distribuidoras, passando para R$ 3,40 por quilograma (kg), de acordo com a empresa. Esse tipo de gás é derivado do petróleo, que é negociado em dólar. Portanto, com a volatilidade do mercado, se o petróleo está mais caro, o gás na sua cozinha também ficará.
Se não há como intervir no preço como consumidor final, a população pode buscar ajuda dos órgãos de defesa do consumidor, para conferir os possíveis abusos praticados nas distribuidoras dos botijões de gás, como explica a coordenadora do Procon Assembleia, órgão ligado à Assembleia Legislativa de Roraima, Edilamar Duarte.
“Nós costumamos orientar o consumidor a fazer essa verificação de preço e o órgão também costuma fazer esse levantamento cada vez que tem aumento, já que ele é nacional. O reajuste do gás de cozinha é feito de acordo com a escalada de preços do petróleo, então quando isso acontece as distribuidoras costumam seguir um mesmo percentual”, esclarece.
Apesar do valor do botijão não ser tabelado no país, o Código de Defesa do Consumidor (Lei no 8.078/1990) estabelece que os procons fazem parte da estrutura de defesa do consumidor, nesse sentido segundo a coordenadora, o Procon ALE está apto para receber essas denúncias dos roraimenses. “Se acontecer de o consumidor verificar preço abusivo além do normal, ele pode se dirigir ao Procon e fazer a denúncia, pois nós iremos verificar a demanda na mesma hora”, destacou.
Enquanto a economia brasileira não vive um bom momento, resta para a comerciante e a população serem vigilantes com relação aos preços dos botijões de gás, por exemplo, entrando em contato com o Procon ALE pelos canais de atendimento remoto via WhatsApp pelo número (95) 98401-9465 ou pelo site: al.rr.leg.br/procon/.
Além disso, pode-se comparar os preços praticados por municípios ou estados, no site do Sistema de Levantamento de Preços, da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP): preco.anp.gov.br/