Cotidiano

Indígena picado por cobra morre por falta de atendimento médico

Tuxaua Leandro Guilherme, irmão do jovem que veio a óbito, contou que na comunidade indígena Raimundão I, no município de Alto Alegre, que o Dsei Leste precisa melhorar o atendimento na região

A morte do indígena Leno Pedro da Silva, 27 anos, por picada de uma cobra jararaca no dia 28 de maio, deixou os moradores da comunidade indígena Raimundão I, no município de Alto Alegre, preocupados. O jovem era secretário de uma escola estadual.

O motivo da preocupação é porque, segundo o tuxaua Leandro Guilherme, os indígenas da região estariam sem atendimento médico, que é de responsabilidade do Distrito Sanitário Especial Indígena do Leste de Roraima (Dsei-Leste).

“Meu irmão foi mordido por volta de 1h30 da madrugada do dia 28 de maio. Os primeiros socorros que deveriam ter na comunidade indígena, em caso de mordida de cobra, era ter um soro antiofídico. Aqui tem um posto do Dsei Leste, mas não tinha o soro. Então ele precisou ser removido da comunidade para Alto Alegre, para depois seguir para Boa Vista. Mas o Dsei Leste não tinha carro para remoção”, afirmou tuxaua Leandro Guilherme.

Segundo ele, o carro que tinha é do polo Boqueirão. “Fica muito distante daqui, da comunidade Raimundão I, o que levaria três horas para a gente chegar em Alto Alegre. Mas fomos no carro de um vizinho que foi muito prestativo. Chegando em Alto Alegre também não tinha o soro”, informou o tuxaua.

“Em Boa Vista tivemos o atendimento, o que ocorreu depois de quatro horas de correria. Imagina ser mordido por uma cobra venenosa e esperar esse tempo todo por socorro médico. Meu irmão foi intubado na UTI do HGR, mas, infelizmente, no sábado dia 12 de junho ele veio a óbito. O veneno já estava espalhado no corpo do meu irmão”, disse Leandro Guilherme.

“Casos como esse deveriam ser tratados na comunidade. Aqui somos cerca de 600 pessoas, e não tem carro para atender uma urgência. Falta de compromisso e responsabilidade com o povo. Não tem equipe de saúde na comunidade, falta medicamento, soro é essencial para essas áreas de muita mata, os microscopistas não têm nem lâmina para fazer leitura para malária”, contou.

Tuxaua Leandro Guilherme relatou que tinha um polo base do Dsei Leste que funcionava no Sucuba com psicólogo, enfermeiro, equipe médica, e ficava somente 45 quilômetros da comunidade indígena Raimundão I, mas foi retirado e colocado no Boqueirão.

“O Dsei Leste tirou o polo da Sucuba e levou para o Boqueirão, que fica a 100 km do Raimundão. Muito longe. Se uma pessoa for picada por cobra não vai chegar a tempo de receber atendimento médico. Fazemos um apelo ao Dsei Leste que repense e coloque o polo de saúde em Sucuba, para atender as comunidades indígenas Raimundão I e II e Aruapuá”, ressaltou o tuxaua.

DSEI LESTE – A reportagem entrou em contato com a Coordenação do Dsei Leste em Roraima, mas a ligação não foi atendida. O espaço segue aberto para um posicionamento da entidade.