Agentes de segurança territorial indígena, da comunidade do Moscow em Bonfim, recebem treinamento do projeto ‘Capacitação Legal’. As aulas tiveram início nesta quinta-feira (17), e seguem até o próximo sábado (19). Este é o quinto local a receber o curso que é promovido pela Procuradoria Adjunta Especial da Mulher, por meio da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE – RR), neste ano.
O treinamento, que tem o objetivo de capacitar os indígenas que auxiliam na segurança local, foi realizado na Quadra Poliesportiva da Escola Municipal Joaquim Thomé. Ao longo de três dias, a equipe multidisciplinar ministrará palestras sobre legislação, direito dos povos indígenas presentes na Constituição Federal, combate ao tráfico humano. Além disso, será debatido assuntos como a violencia contra mulher, combate ao suicídio e o uso abusivo de drogas e álcool e os agentes terão aulas de defesa pessoal.
Os 36 agentes do Grupo de Proteção e Vigilância Territorial Indígena (GPVTI), participaram da capacitação. Os seguranças são os responsáveis por auxiliar na garantia da ordem local e proteção dos 700 moradores que vivem na comunidade.
Gracielly Caetano, de 35 anos, trabalha há dois anos na segurança da comunidade, esta é a primeira vez que ela passa por um treinamento com noções de legislação e salientou que assim toda a população local é beneficiada. “Com as informações recebidas na capacitação teremos mais autonomia para solucionar e minimizar os problemas da população”, disse.
A coordenadora do projeto, a advogada Fabiana Baraúna, explicou que o treinamento proporciona aos alunos desenvolvimento pessoal e profissional com as aulas práticas e teóricas. “Esses ensinamentos possibilitam que os agentes saibam agir com legalidade dentro da comunidade. Faz com que eles estejam preparados para agir em casos de conflitos dentro da comunidade”, destacou.
Esta é a quinta comunidade a receber o curso, neste ano. Outras edições foram realizadas nos municípios de Uiramutã, Pacaraima, Zona Rural de Boa Vista e Normandia. Durante este primeiro dia, pautas como o ciclo da violência contra mulher, e o combate a violência doméstica e prevenção ao suícidio foram abordados pela psicóloga Elizabete Brito, devido ao alto índice deste tipo de ocorrência nas comunidades indígenas. “Nós conversamos sobre as relações interpessoais para que durante as ocorrências eles saibam a maneira correta de tratar as pessoas e lidar com situações semelhantes”, frisou.
Evaldo de Souza, é o tuxaua da comunidade, e destacou a importância deste tipo de ação que leva conhecimento para os moradores. “Constantemente temos que lidar com problemas relacionados ao uso abusivo de álcool ou violência doméstica, então é fundamental a gente ter este tipo de informações”, ressaltou.
Este foi apenas o primeiro dia de capacitação, durante a sexta-feira e o sábado os alunos terão aulas práticas de defesa pessoal e primeiros socorros. Ao final do curso, além dos conhecimentos adquiridos, todos os alunos ganharão certificações de qualificação. O treinamento ‘Capacitação Legal’ pode ser solicitado por meio de ofício que deve ser encaminhado à Procuradoria Adjunta Especial da Mulher.