Cotidiano

Rombo prejudicará servidor, diz Sintraima

Sindicalista diz que perdas de R$ 68 milhões serão sentidas daqui a 20 ou 30 anos, quando servidores começarem a buscar a aposentadoria

A divulgação da auditoria realizada no Instituto de Previdência do Estado de Roraima (Iper), revelou perdas na ordem de R$ 68 milhões com a retirada dos recursos destinados à aposentadoria dos servidores públicos efetivos de bancos públicos para fundos privados, alertou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Civis Efetivos do Poder Executivo do Estado de Roraima (Sintraima), Francisco de Assis Figueira. Segundo ele, a manobra deve, em médio prazo, afetar na aposentadoria da categoria.

Ele ressaltou que por ser um instituo novo, com pouco mais de onze anos, o rombo milionário só será sentido daqui a 20 ou 30 anos, período em que se espera que uma leva de servidores comece a buscar a aposentadoria. “Esse prejuízo não será sentido em curto prazo, mas em médio e em longo prazo. Porque agora praticamente não temos servidores se aposentando. Isso, com certeza, vai influenciar nas aposentadorias futuras, quando uma leva de servidores começar a buscar o instituto para se aposentar”, frisou.

Ele disse que vem acompanhando o andamento do processo desde o ano passado, quando foi informado que em 2012 houve uma diversificação nos fundos de investimentos do instituto, o que resultou na retirada de mais de R$ 184 milhões da Caixa Econômica Federal e aplicados em diversos fundos fora da Caixa Econômica e do Banco do Brasil, onde o dinheiro estava aplicado.

“Estamos acompanhando desde quando o então presidente do Iperr, Carlos Vinicius Raposo, colocou todos os sindicatos de servidores estaduais a par da situação e ficou definido que haveria um encaminhamento mensal do acompanhamento dos resultados, mas não fomos mais informados da situação até esse relatório ser divulgado”, disse.

Agora, ciente da situação divulgada pelo relatório apresentado ao Ministério Público do Estado, Francisco de Assis disse que vai reunir o sindicato para definir as ações que serão realizadas pela categoria. “Vamos reunir o sindicato e a assessoria jurídica para discutir o que será feito e convocar os demais sindicatos para atuar em conjunto numa ação que nos dê informação. Vamos cobrar mais transparência no que está acontecendo no Iperr”, disse ao acrescentar que a reunião deve acontecer nos próximos 15 dias.

Entre os critérios que estarão na pauta, ele disse que quer informações detalhadas da operação e um resumo esclarecedor do relatório divulgado. “Queremos saber o que de verdade está acontecendo e onde está sendo aplicado o dinheiro do servidor público de Roraima”, frisou.

O relatório revela que foram detectadas diversas irregularidades, tais como a falta de análise dos riscos de investimentos, como também o não credenciamento desses fundos para receber o recurso e ainda a composição do Comitê de Investimento do Iper, que era formado por cinco servidores comissionados e o presidente do Iper, à época.

Ele lembrou que todo mês o Iper desconta 11% do salário do servidor do quadro efetivo para fins de previdência e aposentadoria. Em contrapartida, o Governo do Estado (contribuição patronal) contribui com 14%, o que gera arrecadação de aproximadamente R$ 12 milhões. As despesas giram em torno de R$ 1,5 milhão.

SAÚDE FINANCEIRA – Mesmo com o dado negativo de perda de R$ 68 milhões, o Iper está na condição superavitária até o ano de 2036, segundo análise feita pela Caixa Econômica Federal. Dessa forma, o Estado não será obrigado a aplicar recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE) para pagamento de aposentadoria do servidor, como acontece na maioria dos estados do Brasil. (R.R)