Militares da Marinha do Brasil estariam sendo submetidos a atos de tortura, abuso de autoridade, maus-tratos, assédio moral, perseguições, exposição e tratamentos semelhantes a cárcere privado em Roraima. Uma das denúncias aponta que militares com diagnóstico positivo para covid-19 tiveram que retornar às suas atividades, mesmo com atestado médico comprovando a doença.
A denúncia foi recebida pela reportagem da FolhaBV contra um capitão que é agente Fluvial de Caracaraí. A organização militar foi ativada em junho de 2018 no estado, sendo a primeira da Marinha em Roraima.
O relato é que a tripulação diagnosticada com covid teria sido ainda ofendida com represálias e humilhações do Agente Fluvial. Ainda, que uma militar grávida enfrentou resistência para obter o direito de exercer o serviço em home-office; e que não há rodízios de militares ou horários reduzidos, mesmo frente a orientação geral por conta da pandemia do covid.
Outra informação é que cerca de 40% do total de militares da Agência Fluvial de Caracaraí estão afastados das atividades laborais por doença mental ou realizando tratamentos psiquiátricos e psicológicos por conta da pressão enfrentada na Agência. Ainda, que um militar teve que recorrer à Justiça por se sentir perseguido pelo anterior e atual Agente Fluvial, sendo desvinculado de suas funções e sendo motivo de chacota entre seus pares.
Segundo a denúncia de membro da Marinha do Brasil, outros relatos de supostas irregularidades cometidas pelo Capitão Tenente são: a coação de testemunhas “em prol de juntar argumentos” para agir em audiência de sindicância; instauração de procedimento de inquérito policial militar em desfavor de um suboficial lotado na agência; e que militares tiveram que exercer o trabalho contínuo das 08h da manhã de um dia até as 03h a manhã do dia posterior, sendo 19h de trabalho intenso e sem alimentação.
Gestor teria recebido auxílio-transporte de forma indevida
O Agente Fluvial teria cometido supostas irregularidades no recebimento de auxílio para transporte de bagagem e ajuda de custo para dependentes, no entanto, a esposa do Capitão Tenente teria ficado menos de um mês na região.
Por fim, que o Agente Fluvial teria lesado os cofres públicos ao autorizar ‘manobras de serviços para manutenção da embarcação denominada Rio Negro’. O relato é que um empresário, dono de um estabelecimento de materiais de construção, afirmou ter pago propina aos militares envolvidos no serviço de reforma da embarcação.
O documento encaminhado à Folha também foi enviado para o Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Diretoria de Portos e Costas da Marinha do Brasil, Gabinete do Comandante da Marinha, Centro de Comunicação da Marinha, Comando do 9º Distrito Naval, Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental e Secretaria Estadual de Saúde.
MARINHA – Sobre o caso, a Marinha do Brasil informou por intermédio do Comando do 9° Distrito Naval, que “fará a apuração das informações apontadas pelo jornal Folha de Boa Vista, sobre acontecimentos envolvendo militares da Agência Fluvial de Caracaraí (RR), subordinada a Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental”.