Miriam Blos, 58 anos, cumpriu sua missão aqui na terra e deixa milhares de crianças e adolescentes órfãos. A maestrina e presidente da Associação Internacional Canarinhos da Amazônia Embaixadores da Paz (Aicaep), havia sido internada na UTI do HGR (Hospital Geral de Roraima) no sábado (16) e entubada na quinta-feira (22). A maestrina veio a óbito nesta segunda-feira (26), em decorrência da covid-19. Miriam deixa uma filha, Kárisse Blos.
Não haverá velório, mas o corpo de Miriam será levado em carro do Corpo de Bombeiros, em um cortejo que sairá às 14h da funerária Max Domer, na avenida Ataíde Teive, bairro Liberdade, passando pelo Palácio da Cultura. O sepultamento está previsto para às 15h30 no cemitério Campo da Saudade.
Miriam nasceu em Manaus, capital do Amazonas, e cresceu no Pará. Cantora, compositora e musicista desde a infância, aos 12 anos dirigiu seu primeiro coro infantil, formado por seus irmãos e crianças da igreja que frequentava. Estudou música sacra e piano em Minas Gerais, onde também se formou em teologia sistemática, regência coral, técnica vocal e estudos da hinologia sacra antiga e contemporânea. Estudou também direção coral com reconhecidos maestros de trajetória internacional.
A maestrina escolheu Roraima para colocar em prática seus sonhos e o mais icônico deles foi a fundação da Associação Internacional Canarinhos da Amazônia Embaixadores da Paz, que tem mais de 30 anos. Aliás, esse projeto social foi emancipado com o apoio da Fecor (Federação do Comércio de Roraima), quando foi transformado em Associação Cultural Canarinhos da Amazônia e de utilidade pública em 1997.
Por meio desse e de outros projetos, Miriam compartilhou seu talento musical e passou a promover sonhos, realizar um trabalho de formação musical e acompanhar o desenvolvimento de milhares de crianças e adolescentes de Roraima, migrantes venezuelanos e indígenas em situação de vulnerabilidade social, econômica, educacional e psicológica.
Com o coral de crianças do Canarinhos da Amazônia se apresentou no Palácio do Planalto, em Brasília, no ano de 2020. Em 2019, Miriam participou do Fórum Global sobre Refugiados, em Genebra, na Suíça, quando representou os Canarinhos da Amazônia, uma iniciativa que foi selecionada como símbolo do acolhimento brasileiro no evento.
No ano de 2015, Miriam recebeu da Câmara Municipal de Boa Vista o título de Cidadã Boavistense, por sua inestimável contribuição em trabalho social prestado à sociedade do Estado de Roraima.
Nestas três décadas de Canarinhos da Amazônia, Miriam deixa sua história marcada para sempre no Brasil e em outros países, com CDs, centenas de apresentações, turnês internacionais e vários prêmios conquistados pela relevância de ações sociais que a maestrina conduziu com tanta maestria.