Depois de mais de um ano de pandemia, é preciso atenção redobrada das famílias com relação ao aumento de peso excessivo de crianças e adolescentes, devido ao isolamento social e o confinamento. Segundo a professora de Nutrição do Centro Universitário Estácio da Amazônia, Lusyanny Albuquerque, a falta de gasto energético nas brincadeiras ao ar livre, a suspensão das atividades físicas nas escolas e clubes desportivos, bem como o maior tempo diante de telas assistindo televisão ou ou jogando games, são alguns fatores que podem ter propiciado a situação.
Estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam que, se nada for feito, é possível que existam 75 milhões de crianças obesas no planeta em poucos anos. Outro dado informado pela nutricionista é que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) já constatou que uma em cada três crianças, com idade entre 5 e 9 anos, estão acima do peso. O Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional também já identificou que, em 2019, 16,33% das crianças entre 5 e 10 anos estavam com sobrepeso; 9,38% com obesidade; e 5,22% com obesidade grave. Nos adolescentes, 18% tinham sobrepeso; 9,53% obesidade; e 3,98% obesidade grave.
Lusyanny Albuquerque alerta que “o ganho de peso excessivo pode trazer complicações ainda na infância ou mesmo na vida adulta, com o surgimento de doenças crônicas; síndromes metabólicas, diabetes, colesterol alto, gordura no fígado e até doença cardíaca precoce”.
Vilões
Segundo a professora da Estácio, o fator mais agravante da obesidade infantil é o consumo de alimentos processados, ultraprocessados e pobre em alimentos in natura. “A obesidade infantil não só deve ser tratada, como pode ser prevenida. Este manejo deve ser realizado por profissionais especializados e envolvem a mudança do estilo de vida, mudanças no hábito alimentar e prática regular de atividade física”, observa.
De acordo com ela, é fundamental que os pais ou responsáveis tenham em mente que precisam oferecer diariamente alimentação saudável. Dessa forma, os filhos poderão escolher dentre as opções o que mais aprecia. E ressalta que não é adequado se pensar em dieta restritiva para essa fase; “Isso vai comprometer seu crescimento e desenvolvimento. O foco são as mudanças na qualidade dos alimentos ofertados diariamente. E quanto à atividade física, se possível, criar atividades lúdicas que façam a criança se movimentar, jogar bola, andar de bicicleta, pular corda, dançar”, sugere.
Sobre quais tipos de alimentos precisam estar na mesa das famílias com crianças e adolescentes, a nutricionista orienta que a base da alimentação deve ser com produtos in natura e minimamente processados. Entram nessa lista, as frutas, legumes, leguminosas (feijão, ervilha, lentilha), cereais integrais (arroz integral, pães integrais, macarrão integral), raízes e tubérculos (batata, macaxeira, inhame, cará), carnes (bovina, frango e peixe) e leite e derivados (quando não houver contraindicações).
Além disso, ela informa quais alimentos precisam ser evitados: refrigerantes, suco de caixinha, biscoitos, macarrão instantâneo, bolinhos de pacotes, batata frita, salgadinhos, empanados, dentre outros. “Os alimentos industrializados, em sua grande maioria, possuem quantidades excessivas de açúcares, gorduras, conservantes e corantes”, alerta a especialista.
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