Cotidiano

Sinter considera prematuro retorno às aulas presenciais na pandemia 

Segundo a diretoria do sindicato, 8.703 profissionais da educação receberam a primeira dose da vacina, mas apenas 133 receberam as duas doses

As aulas da rede municipal de Boa Vista e sistema estadual de ensino estão previstas para retornarem em setembro. Em entrevista ao programa Agenda da Semana, da Folha FM 100.3, neste domingo (8), a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter), Antônia Pedrosa, disse que considera a decisão prematura. 

O anúncio foi feito no mês passado pelo Governo de Roraima e início desse mês pela Prefeitura de Boa Vista. Conforme Antônia, dados do dia 26 de julho apontavam que 8.703 profissionais da educação receberam a primeira dose da vacina e que apenas 133 receberam as duas doses.

“Consideramos ainda imaturo e prematuro esse retorno presencial, sendo que a população não está inteiramente imunizada. Temos acompanhado e ido às escolas para observar de perto a questão das adequações para um possível retorno”, disse, durante programa apresentado pelo economista Getúlio Cruz.

A diretora do Sinter também pontuou recomendações que devem ser tomadas, como o rastreamento dos alunos, trabalhadores em educação e a família dos estudantes. 

“Essa nova variante Delta se confunde muito com os sintomas da gripe, então, como saber que aquele estudante está com uma variante da Covid-19 ou uma gripe? Só tendo um rastreamento prévio dessa família e também dos estudantes”. 

Preocupada com os alunos de 12 a 17 anos, Antônia reforçou que será necessário mais recurso para poder atender a demanda. “Sabemos que adolescentes e jovens nem sempre vão seguir essas normas sanitárias, por isso, é importante a contratação de assistente de aluno para observar o alunado e mais pessoas para a limpeza, porque os amontoares deverão estar higienizados”, pontuou. 

De acordo com análise do Sinter, mais de 100 educadores perderam a vida em razão da Covid-19. “Não queremos perder nenhum aluno e não queremos perder nem mais um professor. Só em Roraima, foram mais de 100 educadores que perderam a vida em decorrência da Covid”, enfatizou a diretora. 

Apoio aos professores

Outra questão abordada pela diretora do Sinter está relacionada às condições de trabalho dos profissionais. “Professores das áreas indígenas que vão de moto, que vão a pé levar apostilas para alunos, professores da educação do campo que vão também fazer esse trabalho porque muitas vezes os alunos não tem acesso à internet, e com isso eles também estão arriscando suas vidas”, destacou. 

A diretora também salientou que até o momento os trabalhadores em educação não receberam abono durante a pandemia. “Precisamos mudar o discurso que os professores não estão trabalhando na pandemia. Qual apoio que prefeitura e o Estado está dando para seus professores em educação? Professores até hoje não ganharam um abono internet, por exemplo”, reforçou.