Os moradores de Roraima estão na mira de criminosos que praticam o golpe do empréstimo consignado, que consiste na oferta de portabilidade a juros menores e redução do valor da parcela dos empréstimos em vigência.
As quadrilhas são organizadas e muitos servidores, pensionistas e aposentados acabam caindo na conversa dos golpistas, por estarem endividados, precisando de uma redução de parcela. Mas o golpe tem um padrão que pode ser identificado.
Uma servidora pública de um órgão federal em Roraima escapou por pouco desta cilada. Ela recebeu mais de 20 ligações com propostas de redução das parcelas do seu consignado. Desconfiada, resolveu aceitar a proposta de uma pessoa que se apresentou como funcionária de um banco famoso por fazer consignados, e encaminhou para verificação junto à instituição com quem mantém contrato, por suspeitar de golpe. E a resposta não foi outra: era fraude.
No mês passado, a Polícia Civil de Santa Catarina desencadeou a Operação Portabilidade, cumprindo sete mandados de busca e apreensão para coibir este crime. Durante as investigações criminais, foram identificadas pelo menos 18 vítimas em todo o Brasil, as quais foram lesadas em um montante de R$ 273 mil, número que deve ser bem maior, tanto em número de pessoas e quanto a valores em dinheiro, considerada a atuação do bando em todo o território nacional.
Um dia antes, uma operação parecida prendeu oito pessoas durante a segunda fase da operação “Portabilidade Falsa”, da Polícia Civil no Ceará. Investigações apontam que o grupo movimentou mais de R$ 12 milhões somente no Ceará.
A Folha questionou do Governo de Roraima se há registros de casos como este na Polícia Civil estadual, mas até o momento, não houve retorno.
Modo de agir
Normalmente, os criminosos fazem contato por telefone, encaminham mensagens pelo WhatsApp, como seu nome, CPF, valor do contrato e simulação da operação. Se você pedir que a proposta seja enviada por e-mail, com contato para retornar a ligação, eles também enviam, mas não tem atendimento presencial, por exemplo, e esse já é um ponto para desconfiar.
Os bandidos também não costumam usar o nome do banco ou da instituição financeira onde o empréstimo foi efetuado – e essas instituições normalmente não ofertam redução de juros ou de parcela, mas o refinanciamento da dívida.
Desconfie sempre
O advogado Jhonatan Rodrigues, membro da Comissão de Direito do Consumidor da OAB-RR (Ordem dos Advogados do Brasil – seccional Roraima), orienta que toda operação financeira precisa ser feita com o máximo de cuidado e segurança, de preferência com atendimento presencial em alguma fase do procedimento, para evitar golpes.
A dica é nunca fornecer senha bancária, nem enviar cópias de documentos pessoais. “O consumidor jamais deve confirmar seus dados operações sem saber a procedência da ligação, pois todas as instituições bancárias de confiança possuem as informações do consumidor”, disse.
Outra orientação é jamais fazer pagamentos antecipados para contratação de empréstimo consignado. Essa é uma prática ilegal e um alerta para o golpe, pois os consignados são descontados diretamente na folha de pagamento e não existe taxa administrativa para o procedimento. Mesmo depois de analisar a proposta recebida e verificar que não há indícios de golpe, faça contato com a instituição com a qual você tem o contrato para ter certeza.