No mês que marca a sensibilização pelo fim da violência contra a mulher, o Agosto Lilás, um levantamento mostra que 60% dos casos de feminicídio, nos últimos cinco anos em Roraima, ocorreram na casa da vítima. A informação vem do estudo “Até que a morte nos separe”, da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça de Roraima.
O levantamento, feito em todos os municípios de Roraima entre 2016 e 2021, constatou que, das agressões cometidas e tentativas de assassinato, a arma branca foi o instrumento mais utilizado. Esse foi o instrumento de crime em 56% dos casos que levaram à morte da mulher.
Segundo a juíza e coordenadora do estudo, Suelen Alves, fatores que poderiam levar a esses crimes também foram analisados, como o uso de álcool, fim do relacionamento ou ciúmes de uma nova relação.
“Na maioria dos casos, vemos que falta conscientização por parte da própria vítima. Ela não consegue enxergar o risco de morrer e acredita que o agressor nunca seria capaz de matá-la, mas ele é sim. O homem utiliza a mão, uma faca que corta pão e o que estiver à vista”, afirmou.
Outro tipo de violência citada no estudo foi a psicológica, principalmente em forma de ameaça à vida da mulher. Essa é a principal forma de violência que precede um feminicídio.
FEMINICÍDIO X FEMICÍDIO
A juíza Suelen Alves esclareceu que nem todo assassinato de mulher configura feminicídio (confira vídeo abaixo). Ela ressaltou que o feminicídio é o crime de violência contra a vida da mulher causado em relações íntimas de afeto e familiares por discriminação contra o gênero feminino.
“Há também o femicídio, que é o homicídio praticado contra a pessoa do sexo feminino, mas que foi feito devido a outras razões, como em casos de mulheres envolvidas com organizações criminosas. O estudo analisou apenas os crimes de feminicídio”, disse.