A polícia de Normandia, município a 190 quilômetros da Capital pela BR-401, Norte do Estado, prendeu ontem o índio Macuxi Lisberno Bernardo Ramos, de 27 anos, acusado de ter estuprado, estrangulado e matado uma menina de 11 anos, em 2010, na comunidade do Araçá da Serra, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, Nordeste de Roraima.
O delegado Alberto Alencar deu detalhes, ontem à noite, sobre as investigações. Relatou que Lisberno teria dito que o Canaimé, um espírito maligno do lavrado, segundo as tradições indígenas, foi o responsável pela morte da criança. Mas as investigações finalizadas pelo delegado apontaram outro culpado.
“A criança era prima do acusado, que começou a estuprá-la quando ela tinha 10 anos. Aos 11, a menina começou a se negar. Foi quando o acusado, numa noite, esperou o motor da comunidade ser desligado e foi até a casa dela e a arrastou até um lago. Em seguida, a estuprou. A menina disse que contaria para os pais. Ele, então, a estrangulou, matou e depois pendurou o corpo em uma rede na casa dela. No dia seguinte, saiu dizendo na comunidade que o crime teria sido cometido pelo Canaimé, e todos acreditaram, menos nós, claro”, frisou o delegado.
A polícia abriu um inquérito e começou a investigar, mas o caso se arrastava há cinco anos. “Então, priorizamos esta investigação e mais três homens foram intimados. Eles negaram a participação no crime e citaram Lisberno que, nos primeiros depoimentos, também negou, mas após acareações e a hipótese de uma reconstituição da cena acabou admitindo que matou a menina.
O que chamou a atenção dos policiais foi o fato de o acusado ter jogado a culpa para cima de uma lendária criatura maligna, o Canaimé, também conhecido como “Rabudo”, o índio vingador. Mas com o inquérito concluído, o delegado Alberto Alencar deu ciência ao Ministério Público, que solicitou a prisão do acusado à Justiça e foi atendido.
“Com o mandado de prisão preventiva na mão, cumprimos a ordem. Lisberno foi preso em Normandia. Daqui, do 5º Distrito de Polícia, ele vai fazer exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) e depois será entregue na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo”, frisou o delegado. O acusado não quis falar com a Folha. (AJ)