Cotidiano

Roraima tem o 3º metro quadrado mais caro

Com o preço elevado, mercado sente a crise e a construção civil tem demitido os trabalhadores

Construir em Roraima custa muito caro. Segundo Índice Nacional da Construção Civil, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografias e Estatísticas (IBGE), em convênio com a Caixa Econômica Federal, referente ao mês de março deste ano, o Estado apresenta o terceiro maior custo por metro quadrado do Brasil, com avaliação de R$ 999,12, só perdendo para o Rio de Janeiro, que apresentou média de R$ 1.047,04; e para o Acre, com R$ 1.021,02.  

Segundo o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Roraima (Sinduscon-RR), Clerlânio Holanda, alguns critérios fazem Roraima estar entre os estados que apresentam o metro quadrado de construção civil mais caro do Brasil. Segundo ele, o fato de grande parte dos produtos utilizados na construção não ser fabricado no Estado nem no Amazonas, vindo de centros distantes como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, dificulta e encarece o preço final do produto.

“Roraima, assim como o Amazonas, apresenta localização geográfica diferente. Os dois estados não estão ligados ao resto do Brasil por vias rodoviária e, em função disso, o preço do frete do transporte influencia diretamente nos custos da construção civil”, frisou. Entre os produtos utilizados na construção e que chegam via transporte, estão: produtos cerâmicos, porcelanato, vidros e aço. O cimento tem fabricação em Manaus, o que barateia os custos, e telha e tijolo têm fabricação em Roraima.

Outro fator que eleva os custos finais está ligado diretamente à contratação de mão de obra especializada. “Não temos uma oferta grande de mão de obra qualificada e que suporte  a demanda para a construção civil. Isso faz com que se pague mais nesse setor, o que encarece os custos finais da obra”, frisou. Além destes fatores, tem ainda o preço dos combustíveis que é praticado no Estado, um dos mais altos do Brasil.

Pelos números divulgados, o custo nacional por metro quadrado subiu de R$ 916,85, em fevereiro, para R$ 918,95 em março, dos quais R$ 500,16 são relativos a materiais e R$ 418,79, à mão de obra. A parcela dos materiais acelerou de 0,18% para 0,19%, enquanto a mão de obra avançou de 0,18% para 0,28%. Em Roraima, os aumentos registrados foram mínimos e não influenciaram no resultado final. Os resultados levam em conta a desoneração da folha de pagamento de empresas do setor, em vigor desde 2013.

VALORES – Os dados apontam 11 estados com metro quadrado acima de R$ 800,00 e abaixo de R$ 900,00: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. Em 14 unidades da Federação, o metro quadrado custa acima de R$ 900,00: Rondônia, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins, Paraíba, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. Acre e Rio de Janeiro são os únicos estados em que o metro quadrado custa acima de R$ 1 mil.

Veja os preços médios do metro quadrado de alguns estados, do mais barato para o mais caro, de acordo com o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e índices da Construção Civil!

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços

Construção civil já demitiu 500 trabalhadores este ano

O quadro na construção civil em Roraima tem mostrado o reflexo do restante do Brasil. Além do alto custo no setor, a crise econômica que o País vem atravessando afetou diretamente a construção civil no Estado. Houve demissão em massa de aproximadamente 500 trabalhadores com carteira assinada nos primeiros cinco meses deste ano. A informação é do vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Roraima (Sinduscon-RR), Clerlânio Holanda.

“Essas demissões são decorrentes da crise sem precedentes por que passa o Brasil, que tem afetado diretamente o setor da construção civil em Roraima”, frisou. Segundo ele, um dos principais fatores que motivou a maior demanda de demissões no setor foi o fato de, este ano, não ter sido assinado nenhum contrato do programa federal “Minha Casa, Minha Vida”.

“Todas as obras do programa federal em Roraima já foram concluídos ou estão em fase de conclusão e nenhum contrato foi assinado para novas etapas. As empresas do ramo não só tiveram que demitir, como não contataram mais ninguém, fazendo o quadro de desempregados subir no Estado”, afirmou.

Ele destacou os altos juros dos financiamentos habitacionais do Banco do Brasil e da Caixa Econômica, que têm aumentado significativamente desde o mês de janeiro, fazendo diminuir a procura por mutuários para financiamentos habitacionais. “Isso tem gerado instabilidade no setor e a consequente queda na demanda de construção civil”, frisou.

Holanda destacou que a problemática chegou ao comércio de material de construção no Estado, que tem sentido o reflexo da crise. Embora a inflação tenha obrigado o comerciante a majorar preços, o preço da mercadoria tem se mantido estável.

“Não tem como o comerciante aumentar o preço. Já existe um grau de dificuldade da população devido à crise e o desemprego. Se majorar o preço, a situação fica pior”, frisou, referindo-se especialmente ao setor cerâmico no Estado. “Este setor está com muito produto e não tem a quem vender, e por isso mantém o preço do tijolo e da telha com o mesmo valor já há algum tempo”, disse. (R.R)