Cotidiano

Morte de criança de 2 anos causa revolta em comunidade indígena

Indígenas afirmam que durante vários dias pediram que a paciente fosse resgatada para receber atendimento médico, mas que o socorro por via área teria sido negado

Segundo denúncia feita pelo Condisi (Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana), a suposta morte de uma criança indígena de dois anos, na região do Hakoma, na Comunidade Ixaropi, teria chances de ser evitada se a paciente tivesse sido socorrida em tempo hábil.

O caso teria ocorrido na última terça-feira (21). Segundo relatos da comunidade ao conselho, uma criança estava com malária, e, conforme o relato, durante vários dias foi solicitado à Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) que fosse enviada uma aeronave para socorrer a paciente, mas, isso não ocorreu. A comunidade fica localizada no município de Alto Alegre. 

“Inclusive cartas foram enviadas para os profissionais que se encontravam na UBSI [Unidade Básica de Saúde Indígena], porém a equipe de saúde justificou que não estava autorizada a realizar missão na localidade Ixaropi”, disse o Condisi, em documento enviado ao Distrito Sanitário de Saúde Indígena Yanomami e à Sesai. 

Segundo o presidente do Condisi, Júnior Hekurari Yanomami, há meses a comunidade reclama da falta de atendimento, sobretudo para casos de malária e pneumonia. “Os indígenas estão muito revoltados. Toda semana as crianças estão morrendo de malária, pneumonia, desnutrição. No Hakoma tem mais de 900 yanomami e só dois técnicos, e sem materiais, e sem vacina de covid”, detalhou o representante indígena. 

Sem registros

Segundo o coordenador do Distrito Sanitário Especial Yanomami (Dsei-Y), Rômulo Pinheiro, não há informações que comprovem a denúncia. “Não há nenhuma informação por parte das equipes de saúde que se encontram no local, onde tenha sido solicitado remoção/resgate de qualquer indígena nessa região. Não há e nunca houve proibição para qualquer equipe em não atender qualquer indígena”, afirmou. 

Ele destacou que o Dsei Yanomami possui a maior complexidade logística do Brasil em termos de atendimento de saúde. “Trabalhamos em situações extremas e mesmo assim estamos presentes. Infelizmente há pessoas que ao invés de somar e ajudar, apenas querem deturpar um trabalho que vem sendo realizado de forma séria”, criticou.