Cotidiano

Educação empreendedora forma jovens para abrir negócios em RR

O projeto Despertar, promovido pelo Sebrae, em parceria com a rede pública e particular de ensino, visa capacitar estudantes para que saiam das escolas aptos a empreender

Quando se fala em independência financeira uma das primeiras coisas que vem à mente, principalmente de jovens, é a vontade de montar o próprio negócio. As justificativas são as mais diversas e uma das mais usadas é “Cansei de trabalhar para os outros” ou ainda “Sou criativo e tenho condições de sustentar uma empresa”. Muitas vezes a falta de planejamento acaba fazendo com que a ideia não siga em frente. Pensando nisso e tendo como principal alvo o público jovem, executado em todo o Brasil, o “Projeto Despertar” tem trabalhado o interesse desse público, através de educação empreendedora nas escolas.
De iniciativa do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), em Roraima, o projeto é desenvolvido em parceria com instituições de ensino públicas e particulares, desde o ano de 2008. Dentre os parceiros está a Secretaria Estadual de Educação e Deporto (Seed). Até ano passado um total de 1.700 alunos do Ensino Médio de escolas da Capital se formaram com noções de empreendedorismo.
Neste ano, 10 escolas foram contempladas com o programa que formará mais 275 estudantes: Ayrton Senna, Ana Libória, Carlo Casadio, Maria das Dores Brasil, Senador Hélio Campos, Vitória Mota Cruz, Genival Thomé Macuxi (indígena). Foram contemplados ainda as particulares: Colégio Objetivo, Colégio Reizão e Escola Sesc de Ensino Médio.
As aulas do curso tiveram início no mês de julho e a previsão de término é para este mês de setembro, quando pequenos empreendimentos, idealizados pelos próprios alunos das unidades escolares, serão simulados durante a Feira de Ciências e Tecnologias do Estado de Roraima, que será realizada no Parque Anauá, no período de 25 a 27.
Numa das escolas onde são ministradas as aulas, a Senador Hélio da Costa Campos, bairro Doutor Sílvio Leite, zona Oeste da Capital, a turma é formada por 25 estudantes. Estes já estão aprendendo na prática os processos para se idealizar e montar uma empresa. Em apenas quatro horas de aula que ocorrem de uma a duas vezes por semana em horário oposto às aulas normais, os alunos estão sempre envolvidos em diferentes atividades, dentre elas breves encenações, em que eles apresentam as ideias e as desenvolvem.
No decorrer dos encontros, os conteúdos transmitidos aos alunos são visão de empreendedorismo, conceitos de empresa, organização, planejamento, trabalho em equipe, entre outras técnicas fundamentais que o empreendedor precisa saber para se manter no mercado. A professora da turma, Doraci Cavalcante Barbosa pontua que, por outro lado, o que aprendizado serve também para a vida pessoal do educando. “Trata-se de empreender para a vida, pois eles [alunos] aprendem a planejar e organizar a própria vida em família, na sociedade, enfim, em cada segmento onde ele estiver presente”, comentou.
A criatividade é requisito principal e segundo ela, os alunos têm superado as expectativas. “Eles têm retribuído de forma positiva tudo o que é repassado nos encontros. E o principal, eles adquiriram responsabilidade e aprenderam a importância de se trabalhar em equipe”, destacou.
A educadora acrescenta que aprendendo os conceitos básicos no que diz respeito ao empreendedorismo, o aprendiz verá outras oportunidades e saberá ainda avaliar os riscos aos quais está sujeito. “Antes de pôr em prática, o indivíduo terá de avaliar o que é mais conveniente para investir. Isso fará com que ele tenha sucesso ao se inserir no mercado de trabalho”, afirmou.
Doraci avalia que para estudantes das escolas públicas, mas também particulares, o projeto tem sido uma porta aberta para o mundo do trabalho. “É de suma importância o jovem já sair da escola com essa noção. Além disso, há a certificação pelo programa que também tem certo peso e valorização de seu currículo”, disse.
As estudantes da unidade escolar Senador Hélio Campos, Karol Alencar e Rairys Fernandes afirmam que resolveram participar do curso por curiosidade e que estão gostando das atividades desenvolvidas. Ambas se mostram entusiasmada e pretendem montar uma empresa futuramente. “Surpreendi-me com o projeto, gostei e decidi que é isso que quero para mim quando sair da  faculdade de Direito. Montarei um escritório de Advocacia”, declarou Karol, que durante as atividades demonstra ser uma das mais criativas da turma. “Gosto sempre de mostrar o meu melhor”, afirmou.
A aluna Rairys também comenta que tem aprendido direitinho o que é exposto em sala, principalmente no que se refere ao planejamento e ao trabalho em equipe. “Estou aplicando isso também na minha vida pessoal e convivência com outras pessoas. Havia coisa que eu nem imaginava como fazer e o que aprendi no curso já está me ajudando bastante”, comentou, dizendo que ainda está decidindo se faz faculdade de Medicina ou Odontologia, mas que uma coisa é certa, também pretende ser uma empresária na área que se formar.
Empreendimentos serão apresentados em Feira de Ciências
No decorrer dos encontros, em conjunto (alunos e professores) montam um empreendimento como produto final do curso, que tem duração de 84 horas. Nesse produto, eles aplicam todos os conhecimentos adquiridos durante as aulas e o apresentam na Feira de Ciências.
Segundo a professora responsável, esta será uma oportunidade única e possibilitará aos estudantes uma forma de estarem mais próximos do público, que numa simulação, serão seus clientes. “Lá eles terão a oportunidade de mostrar um produto que eles mesmos idealizaram e construíram”, comentou Doraci Cavalcante Barbosa.
Próximo do término do curso, a turma já decidiu o que será simulado: trabalho com fabricação de produtos artesanais. “A intenção é valorizar aspectos culturais do nosso estado”, explicou Doraci, destacando que o foco não é o lucro e sim a experiência em si.