O ex-senador Mozarildo Cavalcanti, de 77 anos, lembrou nesse domingo (3), em entrevista ao Agenda da Semana, da Folha FM, que os governadores militares do então Território Federal de Roraima eram nomeados por punição.
Deputado federal de 1983 a 1991 e senador de 1999 a 2015, Cavalcanti rememorou que militares em fim de carreira assumiam os territórios nomeados por uma das forças armadas e que, no caso de Roraima, as convocações vinham da Aeronáutica.
“Naquela época, o governador era nomeado, então, ele não tinha nenhum interesse de arranjar e ter atritos com o governo federal. Depois que houve a revolução de 1964, Roraima passou a ter dependência das Forças Armadas, da Aeronáutica. Os coronéis, muitos deles, eram nomeados como punição para não terem promoções. Eles iam para Roraima revoltados, nunca tinham passado um dia sequer em Roraima. Contando-se na ponta dos dedos, a maioria desses governadores nomeados não ajudaram o estado”, destacou.
Na época, Mozarildo Cavalcanti era deputado federal constituinte e, com o apoio de parlamentares de outros estados, articulou para que os territórios de Roraima e Amapá fossem transformados em estados e incluídos na nova Constituição Federal de 1988. O nome do político roraimense, inclusive, é mencionado na Carta Magna.
“Lutamos para ser estado, para o povo escolher seus governadores, e não o esquema de indicação por uma força armada qualquer, e isso realmente deu condição para o estado progredir muito”, declarou.
Um dos deputados colegas de Cavalcanti na época se tornaria o primeiro governador eleito de Roraima: o pernambucano Ottomar de Sousa Pinto, eleito em 1990 por 27.143 eleitores (43% dos votos válidos).
O ex-senador lembrou que, além da transformação de Roraima em estado, defendeu durante seu primeiro mandato de deputado a criação da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e da Escola Técnica Federal de Roraima (ETFRR) – atual Instituto Federal de Roraima (IFRR).
Na época do território, segundo ele, alunos que terminavam o Ensino Médio precisavam cursar Ensino Superior fora do estado. “Sem ser estado, dificilmente teríamos uma universidade instalada em Roraima. E nós conseguimos isso, porque, na verdade, vamos relembrar: o jovem que terminava o ginasial, naquela época, era forçado a estudar fora ou ficar no estado e encerrar seus estudos”, destacou.
Mozarildo Cavalcanti elogiou a autorização para o início das obras do Linhão do Tucuruí, que vai interligar o estado ao Sistema Nacional de Energia (SNI), e a inauguração da usina termelétrica Jaguatirica II, que vai mudar a matriz energética de Roraima. “Sem isso aí, você não consegue desenvolver uma localidade. Sem a energia elétrica, você fica bitolado”, avaliou.
Nessa terça-feira (5), Roraima completa 33 anos de criação. Sobre o aniversário, o ex-senador disse esperar o fim “do resto de política do Território Federal”, referindo-se a políticos sem raízes locais.
“Nós todos temos que dar um presente para Roraima. E esse presente é que todos nós trabalhemos pelo estado e coloquemos nos postos de comando do estado pessoas que realmente tenham compromisso com quem mora no nosso querido estado, de forma que tenhamos dias melhores e um futuro mais promissor”, declarou.