Cotidiano

Secretaria quer incluir disciplina de empreendedorismo nas escolas

Aumentar a abrangência do projeto e incluir o ensino empreendedor como disciplina obrigatória nos currículos de Ensino Médio regular do Estado são as ações previstas

O fato de já ter atendido 1.700 jovens de Ensino Médio, regularmente matriculados nas escolas da Capital com o projeto Despertar, é motivo para acreditar que houve e ainda há uma contribuição para que esses estudantes passem a identificar oportunidades, segundo a coordenadora da ação na Secretaria Estadual de Educação (Seed), Narda Carvalho. “Além disso, ter consciência cidadã, conhecer e intervir nas suas realidades com uma visão diferente”, frisou.
Com base nisso, ela afirma que futuramente a secretaria pretende aumentar a abrangência do projeto. “Pretendemos ainda incluir o Ensino Empreendedor como disciplina obrigatória nos currículos de Ensino Médio regular do Estado”, adiantou.
Ela cita ainda sobre casos de sucesso de alunos após a participação no projeto. Um deles é o de um aluno egresso, que juntamente com o pai abriu um negócio e se mantém firme no mercado. “Esse é apenas um dos casos de jovens que desafiaram a realidade social e econômica considerada desfavorável e estão hoje empreendendo”, comentou Narda.
Ainda segundo ela, nesses sete anos de execução do projeto o foco sempre foi preparar os alunos com competências que resultem em desempenhos geradores de conhecimento pessoal e profissional, contribuindo, assim, para o desenvolvimento socioeconômico do estado. Narda ressalta que o êxito das ações se deve, acima de tudo, ao nível de envolvimento institucional e o comprometimento que compõe a parceria, ao priorizar planejamento participativo e gestão compartilhada.
No projeto Despertar, o Sebrae é responsável pela formação dos professores, apoio logístico, e a Seed pela criação de condições para que o projeto “aconteça”, de fato, nas escolas. Ao todo, 41 professores já se tornaram multiplicadores. Participam ainda professores do IFRR (Instituto Federal de Roraima), Sesc (Serviço Social do Comércio), Colégio Objetivo, Colégio Reizão e acadêmicos da Uerr (Universidade Estadual de Roraima).
No que se refere às dificuldades, a coordenadora relata que, é ter gestores que queiram “abraçar a ideia”. “Este é o primeiro passo para que o curso chegue até o aluno, o que muitas vezes depende apenas dele, pois há necessidade que um professor se voluntarie para participar da capacitação e posterior multiplicação para os alunos”, explicou, comentando que, além disso, há ainda a necessidade de um espaço físico com capacidade para atender aos alunos.
Projeto de Empreendedorismo já formou mais de dois mil estudantes em Roraima
Conforme uma das coordenadoras do Projeto Despertar no Sebrae, Ana Paula Rebelo, os resultados do desenvolvimento da educação empreendedora nas escolas, tanto públicas quanto particulares, têm se mostrado de forma positiva. Para ela isso tem sido identificado através do amadurecimento dos alunos do decorrer da formação, o significa estarem em rumo certo.
Sobre planos futuros, a coordenadora afirma que a parceria será mantida com toda a rede de ensino. Conforme ela, em Roraima, o projeto que se iniciou em 2008 sempre em parceria com escolas particulares e públicas, e hoje totaliza aproximadamente 100 professores capacitados desde então, além dos quase dois mil alunos que tiveram contato com o empreendedorismo.
Como o projeto Despertar trabalha o empreendedorismo junto aos alunos do Ensino Médio, por meio de dinâmicas, atividades em grupo e vivenciais, Ana ressalta que é importante o desenvolvimento desse assunto com esse público. “É importante, uma vez que ele permite com que estes jovens sonhem com uma oportunidade e tenham ferramentas para alcançá-las, quer seja a abertura de um negócio quer seja o apoio as suas famílias”, frisou. (M.F)
Aluno do Despertar vira empreendedor
Levar visão empreendedora a alunos de Ensino Médio antes de entrar na faculdade tem apresentado como principal resultado projetos transformados em empreendimentos. Um exemplo de sucesso é o do jovem de 20 anos, Wisdeyvi Silva de Souza, que aprendeu a lição e melhorou a banca de peixe do pai, transformando-a em uma peixaria.
O jovem empreendedor disse que participou do projeto no ano de 2010, época em que estudava no segundo ano do Ensino Médio. Ele revela que não levava as coisas muito a sério e não tinha uma visão de futuro definida, o que mudou quando conheceu o empreendedorismo na própria escola. “Com o projeto eu pude melhorar esse meu lado meio despreocupado. Ver como funciona o empreendimento, o que ele é de fato, como empreender, por que e qual a melhor forma Mudou minha mentalidade”, relatou.
Para ele, o projeto surgiu na hora certa, quando resolveu agarrar a oportunidade unindo o útil ao agradável, já que o pai era piscicultor e tinha uma pequena banca de venda de peixe. “Logo que comecei no curso já fui aplicando o conhecimento que adquiria na venda de peixe de meu pai. No início foi meio complicado mudar a mentalidade de meu pai para investirmos na peixaria, mas aos poucos consegui”, lembrou.
O tempo que levou para aperfeiçoar o negócio foi de um ano. Aperfeiçoamento esse que ocorreu gradativamente e deu certo. “Consegui fazer com que chegasse ao formato que está hoje porque fomos crescendo aos poucos. E o negócio vai bem. Além disso, a gente trabalha com um produto que é nosso, conseguindo manter a clientela que tem sido fiel”, relatou, revelando que futuramente pensa em montar uma peixada.
O jovem empreendedor depois do curso foi ainda convidado a ser um multiplicador, ou seja, passar para outros alunos o que tinha aprendido. “Tive a oportunidade de voltar ao projeto, mas não como aluno. Desta vez como instrutor. Seria egoísmo se eu não repassasse o que aprendi a outros alunos”, comentou. Ele participou de outros cursos realizados pelo Sebrae e ficou um ano auxiliando professores que ministravam o curso.
O empreendedor deixa como mensagem para quem deseja fazer parte do projeto e até mesmo para quem não conhece. “Garanto que muda nossa vida. Como o próprio nome diz, ele nos desperta para uma nova forma de pensar. Tudo o que aprendemos lá podemos aplicar em nossa vida profissional e pessoal também, principalmente”, acrescentou. (M.F)