Acompanhando a decisão do Comando Nacional de Greve, professores da Universidade Federal de Roraima (UFRR) deram início, na manhã de ontem, à greve geral dos profissionais das instituições de ensino superior (IFE) no Estado. De acordo com a presidente da Seção Sindical dos Docentes da UFRR (Sesdufrr), Sandra Buenafuente, o movimento segue por tempo indeterminado.
“Na metade do mês de maio, foi definido pelo sindicato nacional o indicativo de greve nas instituições federais de ensino superior de todo país no dia 28. Inicialmente, 18 unidades apoiaram a decisão e esse número veio a aumentar de forma gradativa. No dia 27 de maio, o sindicato realizou uma assembleia geral, quando foi aprovado estado permanente de greve, mas não com a intenção de paralisar as atividades. No dia 10 do mês passado, realizamos outra reunião, que resultou na decisão de deflagração de greve para a presente data”, explicou Sandra.
No período da tarde, o sindicato realizou, no auditório Alexandre Borges, no campus Paricarana, nova assembleia para tratar de questões relacionadas aos direcionamentos que serão tomados durante todo o período de greve, como a instalação do Comando Geral de Greve do Estado, a definição do delegado que participará das atividades do comando nacional, a composição do calendário de greve e a análise da proposta de reajuste salarial apresentada pelo governo.
“Nessa questão, a categoria busca, juntamente com os servidores públicos federais, reajuste salarial de 27,3% para 2016, que repõe todas as perdas inflacionárias desde 2010. A proposta do Governo é de um aumento de 21,4%, com prazo máximo de até 2019. Caso a categoria aceite essa proposta, isso significa que estaremos aceitando a política de achatamento do nosso salário e que os princípios constitucionais brasileiros não valem de nada. Está na Constituição que todo servidor público tem direito a um reajuste de reposição das perdas inflacionárias anuais. Essa é uma das nossas pautas de reivindicação da categoria, mas o governo demonstra não dar a mínima a essa questão”, frisou.
Com a inclusão da UFRR, o movimento grevista conta com uma adesão de 65%. Além do reajuste salarial, o sindicato reivindica outros pontos como melhorias nas condições de trabalho, autonomia das universidades, reestruturação de carreira, valorização salarial entre ativos e aposentados, além do reforço do caráter público da educação superior.
“Entendemos que a democratização do ensino superior deve se dar pela melhoria nas universidades públicas, e não na transferência de recursos para o setor privado, para o grande capital da educação, por meio dos programas Prouni e Fies, que ao invés de ajudar, acabam aumentando o índice da inadimplência e tiram uma série de investimentos para unidades públicas”, frisou.
PREJUÍZOS – Com o início do movimento grevista, os estudantes questionam se a ação prejudicará a finalização do semestre da instituição, já que muitas apresentações de trabalhos estavam agendadas para ocorrer nesse mês. Antes mesmo da deflagração de greve, alguns cursos adiantaram suas atividades, uma forma de não prejudicar os alunos.
Questionada sobre os prejuízos aos acadêmicos, Sandra Buenafuente disse que a greve visa atender aos interesses de toda a população. “É necessário que as pessoas entendam que a missão da universidade é formar bem o aluno, e isso só se consegue com qualidade. Professor não gosta de fazer greve, mas nós precisamos utilizar esse recurso quando os outros instrumentos não funcionam mais. O prejudicar, para nós, é o que o governo está fazendo. Ninguém é obrigado a apoiar uma greve, mas pela consciência de pessoas que constrói o futuro desse país, é obrigação de reconhecer a importância da educação pública gratuita e de qualidade”, frisou. (M.L)