Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 140 mil pessoas morrem de doenças do coração no Brasil a cada ano. De acordo com especialistas, cerca de 90% dessas mortes, inclusive as decorrentes de mal súbito, poderiam ser evitadas com o diagnóstico básico de um simples eletrocardiograma, seguido de tratamento e acompanhamento médicos adequados.
O cardiologista do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e presidente da Sociedade Internacional de Eletrocardiologia, Carlos Alberto Pastore, alerta para a necessidade de se fazer o eletrocardiograma em crianças e adolescentes que vão iniciar a prática esportiva ou que têm histórico de doença cardiovascular na família.
“Existem doenças elétricas do coração que só são desencadeadas quando é feito um esforço forte ou exercício intenso. Por isso a importância do eletro ficou grande para prevenir doenças do coração. O eletro dá dicas de que essas doenças podem existir. Como os adolescentes estão iniciando mais cedo os esportes, o eletro é importante para obter uma identidade do coração.”
Entretanto, o médico destacou que é importante que seja feita uma boa interpretação do exame, o que já é possível devido às evoluções registradas nos últimos 20 anos. “Nós conseguimos várias informações que nos deram subsídios para interpretar vários eletros que no passado não conseguíamos. Esse exame existe há mais de 100 anos e é tecnicamente fácil e o mais barato, mas a boa interpretação é fundamental.”
Segundo o médico, mesmo que não haja mais a exigência de apresentar atestado médico, é preciso que as pessoas se conscientizem e façam o eletrocardiograma. “É um erro as academias e clubes não exigirem avaliação cardiológica para início de atividade física. Mesmo que isso não seja solicitado, os pediatras devem ficar atentos, orientando os pais a levarem os filhos para consulta com o cardiologista, principalmente antes do início da prática física”, afirmou Pastore.
O eletrocardiograma é eficaz também para acompanhar pacientes sob uso de medicamentos (antibióticos, antialérgicos, antidepressivos e até antiarrítmicos) que, em alguns casos, agem negativamente sobre o coração, principalmente quando o órgão é acometido de uma doença silenciosa, ainda não diagnosticada. “Muitas vezes, a doença é congênita e não apresenta qualquer sintoma, mas, ao interagir com medicação inadequada, pode ser fatal.”
Fonte: Agência Brasil