Um estudo realizado pelo Hospital do Coração (HCor), em São Paulo, apontou que 88% dos pacientes internados com diagnóstico positivo de covid-19 apresentam quadros de disfagia em algum grau, variando de leve a grave. Isso significa que cerca de 8 em cada 10 pacientes têm dificuldades para engolir como consequência da infecção pelo novo coronavírus.
A covid-19 é caracterizada por causar uma resposta inflamatória sistêmica e grave ao organismo, o que pode prejudicar outros órgãos além do pulmão.
A fonoaudiologia é essencial para o tratamento dessa sequela. O fonoaudiólogo José Luiz Brito, explicou que o paciente, quando acometido por outras enfermidades, pode ter agravamento do quadro de infecção e possíveis sequelas com o aparecimento do sintoma de disfagia.
“Entre os problemas causados pela covid-19 há a disfagia, nome dado à dificuldade de deglutição, que, no caso, é provocada pelo suporte respiratório de longa duração. A intubação e a ventilação podem ser exemplos. Podemos citar o comprometimento neurológico que afeta certos pacientes e o processo inflamatório da infecção, que também atinge músculos, essas duas consequências dificultam a coordenação da musculatura responsável pela deglutição, ao mesmo tempo em que a enfraquecem”, destacou.
Conforme o médico, além da dificuldade e dor ao engolir, são também sintomas da disfagia, tosse, engasgo, pneumonia de repetição e perda de peso. O problema pode surgir em qualquer pessoa e em todas as idades – desde o recém-nascido até o idoso.
O especialista alerta para a importância de diagnosticar e tratar a disfagia.
“Quando a pessoa começa a ter alteração na voz, tosse e engasgo após a alimentação, precisa dar atenção a estes sinais e procurar um médico ou fonoaudiólogo para avaliação e diagnóstico. O diagnóstico precoce é importante para evitar consequências da doença, como desidratação, desnutrição e pneumonia por broncoaspiração (entrada de alimento ou saliva no pulmão)”, frisou.
As formas de tratamento são uso de medicamentos, exercício de fortalecimento da musculatura da boca e da língua, ajudando a pessoa a engolir melhor. É feito também ajuste da consistência, volume e temperatura do alimento, na busca de alternativas de alimentação, além de trabalho do quadro respiratório. Nos casos em que a disfagia ocorre na fase esofágica, pode ser necessária cirurgia para tratar o paciente.
Dia do Fonoaudiólogo
No dia 9 de dezembro é comemorado o Dia do Fonoaudiólogo, a data é reconhecida como o dia em que foi regulamentada a profissão no Brasil, no ano de 1981. Segundo o Conselho Nacional de Fonoaudiologia, existem mais de 40 mil profissionais atuando no país.
Ligada a área da Saúde, a Fonoaudiologia é uma profissão que contribui para pesquisar, prevenir, avaliar e tratar as alterações da voz, fala, linguagem e aprendizagem dos indivíduos. Atualmente, os estudos estão voltados para o processo de comunicação, a linguagem e comportamento humano.
“O trabalho como fonoaudiólogo é abrangente e pode atuar desde momentos difíceis, como reabilitação de pacientes, até no processo de ensino-aprendizagem de crianças. A atuação permite um intercâmbio de informações entre fonoaudiólogos e outros profissionais de saúde, contribuindo para melhorar distúrbios da fala, audição e linguagem”, destacou o fonoaudiólogo José Luiz Brito.