O engenheiro civil Raimundo Costa Filho disse nesse domingo (19), em entrevista ao Agenda da Semana, da Folha FM, que Roraima teria potencial para gerar ao menos 1,8 mil megawatts de energia em caso de implantação de quatro hidrelétricas na bacia do Rio Branco. A quantidade representa nove vezes o consumo local atual e a produção excedente poderia ser exportada para os grandes centros do país, na opinião dele.
Mas isso aconteceria, se os projetos de usina hidrelétrica nos rios Uraricoera, Cotingo, Mucajaí e Branco se tornassem realidade. Os dois primeiros rios, localizados na Raposa Serra do Sol, foram excluídos de estudos realizados no início da década passada, justamente por causa de recentes conflitos ocorridos na época da demarcação da Terra Indígena.
“Se adensou o estudo para os rios Mucajaí e Branco. Temos pelo menos quatro grandes oportunidades de potencial hidrelétrico pro estado”, pontuou.
Segundo o engenheiro, o processo em torno da construção da hidrelétrica no Bem-Querer, no Rio Branco, está na fase de análise do estudo de impacto ambiental e é conduzido pelo governo federal. Sozinha, a usina teria potencial de gerar mais de 700 megawatts de energia, quantidade similar ao descartado Cotingo.
Raimundo Costa disse que, se considerar o atual consumo de Roraima, em torno de 200 megawatts, 500 megawatts seriam excedentes com a usina do Bem-Querer e poderiam ser aproveitados por outros estados. Mas, para fazer essa migração, o Linhão de Tucuruí, que ligaria Roraima o Sistema Interligado Nacional (SNI), teria que ser uma realidade.
A usina do Bem-Querer, no rio Branco, também esbarra dos direitos dos povos indígenas, na questão arqueológica e na elevação do lençol freático, que poderia inundar uma área de 559 quilômetros quadrados do território roraimense, segundo ele.
Por sua vez, a usina da região do Paredão, no rio Mucajaí, geraria 200 megawatts de energia e já atenderia os consumidores de Roraima. A construção do complexo, conforme ele, é estimada em R$ 1 bilhão. Outro facilitador apontado pelo engenheiro é o fato de o projeto estar fora de terras indígenas. O projeto, no entanto, ainda depende do interesse do setor privado.
Raimundo Costa Filho também falou da discussão em torno de outras fontes de energia para Roraima, como a eólica e a biomassa florestal proveniente do plantio de acácias.